Vivemos um boom de formação executiva. Plataformas multiplicam-se, programas prometem “novas lideranças” em poucos módulos e profissionais disputam títulos como se fossem troféus. Mas, na prática, o que estamos formando: líderes mais preparados – ou apenas consumidores de conteúdo?
Enquanto o setor cresce (e isso é uma boa notícia), cresce também a confusão entre acesso à formação e transformação real. Como CEO da Formação Executiva, vejo diariamente a diferença entre o que é conteúdo – e o que é experiência de aprendizagem profunda.
A boa formação não informa, transforma. E transformação exige mais do que bons slides. Exige método, ciência, emoção e prática. A neurociência é clara: o cérebro só aprende de verdade quando o conhecimento ativa redes emocionais, é repetido com propósito, e é testado em contextos reais. Sem isso, formamos executivos com discursos modernos, mas práticas antigas.
O mercado começa a separar o ‘pó’ do ouro. Num cenário onde a obsolescência de competências é cada vez mais rápida – metade das habilidades técnicas perde valor em cinco anos – a formação contínua não é opcional. Mas também não é toda igual. Existe uma distância crítica entre programas que oferecem ferramentas e aqueles que ativam novos comportamentos. E é aqui que escolas de excelência fazem a diferença.
A liderança aprende-se? Sim, mas como se aprende conta. As formações mais eficazes são aquelas que desafiam o ego, estimulam a vulnerabilidade e colocam o profissional em ambientes onde é seguro errar e necessário reaprender. Não formamos líderes completos, formamos líderes conscientes de sua incompletude – e dispostos a crescer continuamente.
A formação executiva tem um papel estratégico no desempenho e na progressão de carreira. Estudos mostram que quem aposta em upskilling constante, e em experiências que ampliam o skill distance, tem maior mobilidade e ganhos futuros. Mas isso não se alcança com atalhos. É preciso curadoria, profundidade e um ecossistema de aprendizagem que não termina na sala de aula.
Por isso, mais do que vender programas, precisamos assumir a responsabilidade de criar experiências transformadoras. Como escolas, devemos ser laboratórios de novas competências, onde a teoria encontra a prática, e a aprendizagem é personalizada, contínua e relevante. Formar executivos é, cada vez mais, formar mentes plásticas, capazes de desaprender e reaprender com propósito.
Em tempos de velocidade e superficialidade, oferecer profundidade é o verdadeiro diferencial. A formação que transforma é aquela que continua mesmo depois do certificado. E essa – não por acaso – é a que faz os profissionais crescerem, e as organizações prosperarem.