A Cloudflare, a tecnológica norte-americana que ameaçou desinvestir em Portugal, onde tem a sua base de operações europeia desde 2024, já valorizou em bolsa 778%, desde setembro de 2019, altura em que começou a ser cotada nos mercados financeiros (na Bolsa de Valores de Nova Iorque, ou NYSE).
Desde o início do ano a tecnológica já acumula uma subida de 46,7% e no último ano mais do que dobrou o seu valor de mercado ao atingir uma valorização que se cifra nos 113,9%.
Isto significa que por cada 100 euros investidos na tecnológica, em setembro de 2019, atualmente geraria um retorno adicional de 778 euros (totalizando um retorno total de 878 euros). Se esse mesmo investimento fosse feito no início deste ano o valor adicional ficaria nos 46 euros (totalizando um retorno total de 146 euros), e se tivesse investido há um ano geraria um valor adicional de 113 euros (totalizando um retorno total de 213 euros).
Nas mais recentes contas, referentes ao primeiro trimestre deste ano, a Cloudflare reportou uma receita de 479,1 milhões de dólares (422,1 milhões de euros), mais 27% face ao período homólogo. Contudo as suas operações geraram um prejuízo de 53,2 milhões de dólares (46,8 milhões de euros), o equivalente a 11% das suas receitas, sublinhou a tecnológica. No período homólogo este mesmo indicador ficou no vermelho em 54,4 milhões de dólares (47,9 milhões de euros) ou 14,4% da receita.
No primeiro trimestre do ano a empresa reportou uma perda líquida de 38,5 milhões de dólares (33,9 milhões de euros), face aos 35,5 milhões de dólares (31,2 milhões de euros) do ano anterior. O fluxo de caixa gerado pelas operações foi de 145,8 milhões de dólares (128,4 milhões de euros), face aos 73,6 milhões de dólares (64,8 milhões de euros) do ano anterior. Já o fluxo de caixa livre ficou nos 52,9 milhões de dólares (46,6 milhões de euros), ou 11% da receita, face aos 35,6 milhões de dólares (31,3 milhões de euros), ou 9% da receita, do período homólogo.
O lucro bruto ficou nos 363,5 milhões de euros (320,3 milhões de euros), ou 75,9% de margem bruta, face aos 293,6 milhões de dólares (258,7 milhões de euros), ou 77,5%, que atingiu no período homólogo.
“Começamos 2025 com confiança, momentum, e resultados fortes. No primeiro trimestre conseguimos o maior contrato na história da empresa, mais de 100 milhões de euros influenciados pela nossa plataforma de desenvolvimento Workers, e assinamos também o nosso contrato de maior duração temporal da nossa história”, disse o CEO da Cloudflare, Matthew Prince, sobre os resultados apresentados pela empresa no primeiro trimestre do ano.
“Temos a escala, a tecnologia, e a equipa para capturar a enorme oportunidade que se apresenta perante nós, como evidenciado pelo tamanho e extensão dos acordos que estamos a finalizar e pelo calibre dos clientes que estão a apostar na Cloudflare. Num mundo em constante mudança uma coisa é certa: a inovação ganha. Desde o networking, à segurança, à inteligência artificial, a Cloudflare é a inveja da indústria da inovação, e não existe um abrandar do ritmo”, acrescentou Matthew Prince.
O CEO da Cloudflare, Matthew Prince, utilizou a rede social X, para no dia de ontem deixar fortes críticas à política de investimento do Governo português. Nesse espaço o responsável máximo da tecnológica norte-americana considerou que o ambiente de negócios em terras lusas tem piorado desde que a empresa começou a investir no país.
Matthew Prince foi mais longe e adiantou que o executivo português não tem cumprido com as promessas que tem feito.
“Honestamente, Portugal piorou muito desde que começámos a fazer investimentos no país. Se a tendência continuar, deixaremos de investir. Se estiveres a considerar como empresa tecnológica [investir em Portugal], serias louco em fazê-lo sem nenhumas fortes garantias por parte do Governo. Prometeram-nos mundos e fundos para contratar muitas pessoas em Portugal. Contratámos estas pessoas e o Governo português não cumpriu nenhuma das suas promessas”, disse o CEO da Cloudflare.
Matthew Prince considerou a situação uma “palhaçada”.
A tecnológica tinha a ambição de contratar entre 400 a 500 novos colaboradores para a sua sede em Lisboa que foi inaugurada em outubro de 2024.
O responsável da empresa queixa-se que Portugal tem burocracia excessiva, dirigindo as críticas a áreas como os processos de imigração e licenciamento, que considerou serem “asfixiantes”, e refere que o país tem falta de “um aeroporto funcional”.
Matthew Prince afirmou que “está farto que digam que as coisas vão melhorar se investirmos mais, apenas para continuarem a piorar”, adiantando que a empresa já contratou mais de 400 trabalhadores em Portugal, mas que esse número poderia ser “duas vezes superior com um Governo competente”, acrescentando que Portugal tem condições menos atrativas face a mercados como a Colômbia e o Chile.
“Colômbia, Chile e agora talvez até a Argentina. Tudo países mais sérios do que Portugal”, disse o CEO.
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