[weglot_switcher]

TACO (Trump Always Chickens Out): A nova estratégia dos mercados financeiros

A TACO trade tem sido utilizada por Wall Street e investidores como estratégia para valorizarem os seus ativos. Donald Trump já conhece o termo mas não lhe achou grande piada. “It’s a nasty question”, respondeu a uma repórter. Traduzindo: “É uma pergunta desagradável/nojenta”.
4 Junho 2025, 07h00

TACO Trade. Esta sigla tem tomado conta dos mercados financeiros e tem sido utilizada por Wall Street e investidores como uma estratégia para valorizarem os seus ativos.

A expressão terá sido cunhada pelo jornalista, do Financial Times, Robert Armstrong e significa, em inglês, Trump Always Chickens Out (TACO). Em termos práticos, o termo refere-se por exemplo a um anúncio do presidente norte-americano, Donald Trump, que ameaça alguém ou algo com algum tipo de medida gravosa para depois o governante norte-americano acabar por recuar.

Um exemplo flagrante de um TACO foi o Dia da Libertação, de 2 de abril. Nesse dia, Donald Trump anunciava tarifas a vários parceiros comerciais com diferentes níveis de dimensão. Enquanto que alguns países iriam passar a ter 10% de tarifa sobre as importações para os Estados Unidos existiam outros que tinham tarifas que podiam variar entre os 20% e os 125%.

Esta seria a primeira etapa do TACO, o anúncio de uma medida que neste caso iria ter impacto ao nível do comércio global. Após o anúncio, os mercados financeiros entraram em colapso e o comércio mundial mergulhou na incerteza, com as empresas a questionarem como seria este novo mundo com tarifas daquela ordem de grandeza. Em breves momentos, o comércio mundial ficava à beira do apocalipse.

Mas para se atingir o verdadeiro nível de mestria do TACO, falta a segunda etapa para se atribuir todo um novo significado ao Trump Always Chickens Out. Um exemplo flagrante disso mesmo foi o dia 9 de abril. Depois de todo o aparato em volta do Dia da Libertação, Donald Trump acabou por ‘Chickens Out’ no dia 9 de abril, com o anúncio de que afinal as tarifas não iriam avançar mas que se iria proceder a uma pausa de 90 dias.

O TACO pode também ser aplicado à China. Donald Trump acabou por excluir a China da pausa de 90 dias, decretada a 9 de abril, deixando o país asiático com tarifas superiores a 100% (a China também colocou tarifas às importações dos Estados Unidos superiores a 100%). Mas passado algum tempo (12 de maio), Donald Trump acabou por ‘Chickens Out’ com o anúncio de que tinha chegado a um acordo com a China para uma pausa de 90 dias nas tarifas, assim como com a redução das tarifas para os 30%. Em resposta a China baixou as tarifas sobre as importações norte-americanas para os 10%.

Este método negocial de Donald Trump tem levado a que alguns investidores tirem o máximo proveito da valorização dos seus ativos. Um verdadeiro crente no TACO perceberia que o anúncio do Dia da Libertação, de Donald Trump, teria duração curta e iria, mais cedo ou mais tarde, se traduzir num recuo. Em termos concretos, um crente no TACO, com os avanços e recuos que já esperava, derivados do Dia da Libertação, poderia fazer uma pequena fortuna. Isto porque, entre 2 e 8 de abril, os mercados financeiros, tendo como referência o índice norte-americano S&P 500, caíram 12%. Mas desde 8 de abril até 3 de junho, valorizaram 19%. Ou seja, não só os mercados recuperaram das perdas, como estão atualmente num nível superior ao registado a 2 de abril, antes do colapso provocado pelo anúncio do Dia da Libertação.

Donald Trump acha o TACO “desagradável”

O TACO também já chegou ao conhecimento de Donald Trump, não fosse ele o alvo principal da expressão. Mas, mesmo dando nome ao termo, o presidente norte-americano não lhe tem achado muita graça. Diz ser “nasty” (desagradável ou nojento em português).

Questionado por uma repórter sobre a TACO Trade, Donald Trump respondeu: “Kick out?” Para depois ser corrigido pela mesma repórter: “Chickens out”. Em resposta, o governante disse: “Chickens out? Nunca ouvi. Porque eu reduzi as tarifas à China dos 145% para os 100% e depois para outro número? Coloquei uma tarifa de 50% à União Europeia e eles telefonaram a dizer: ‘Por favor, vamos fazer [um acordo].’ E eu dei-lhes até junho. E eu disse-lhes: ‘Qual é a data?’ Porque eles não estavam dispostos a se reunir. E depois do que fiz, eles [União Europeia] disseram: ‘Vamos nos encontrar em qualquer dia [com os Estados Unidos] que vocês quiserem.’ E acordamos a data de 9 de julho.”

Perante esta explicação, Donald Trump questionou a repórter se isto é “‘Chickens out?’. “Há seis meses, este país estava morto. Tínhamos um país que as pessoas não acreditavam que ia sobreviver e você faz uma pergunta desagradável”, afirmou Donald Trump.

Ao que alguns chamam de TACO, Donald Trump clarificou: “Isso chama-se negociação”, defendeu o presidente norte-americano, rejeitando o termo que tem ganho tração nos mercados financeiros.

“Mas nunca diga o que disse” (dirigindo-se à repórter que o questionou sobre o TACO). “Essa é uma pergunta desagradável/nojenta”, afirmou Donald Trump.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.