Portugal é o sétimo país mais seguro do mundo, o quinto na Europa, segundo a última edição do Global Peace Index. É o 11º destino mais seguro para viajar no ranking do Travel and Tourism Competitiveness Report, a mesma posição que ocupa na lista de proteção em viagem da Berkshire Hathaway. Isto não é um concurso de imagem, vale dinheiro, motiva a criação de emprego e de riqueza, tem um impacto objetivo no PIB. Nos últimos 10 anos, o número de turistas estrangeiros que visitam Portugal mais do que duplicou, para 19,4 milhões no ano passado. As receitas do setor quase triplicaram, para 27,6 mil milhões de euros.
Esta ideia de segurança tem ancorado o crescimento da economia portuguesa desde as crises. Tem um impacto visível no turismo, mas também no imobiliário ou no consumo de bens e serviços associados aos estrangeiros que visitam o país ou que decidem ficar e dele fazer casa. Ainda no investimento estrangeiro, na captação de projetos, de talento, pelo menor risco, que compensa outras fragilidades.
Esta semana, no mesmo dia, em Lisboa, um carro foi queimado, num final de tarde banal, num ataque motivado por diferenças clubísticas, e à noite atores foram agredidos na via pública, apenas porque sim. Nas duas situações houve feridos, no primeiro caso com gravidade. Uma peça de teatro foi cancelada por causa das agressões.
É chocante coabitarmos com grupos para quem este tipo de atuação faz sentido e é aceitável na análise de risco que fazem. Traduz um falhanço geral, nosso, como sociedade, na formação cívica e, mais ainda, no papel do Estado, que se tem demitido de ser garante da ordem. E tem custos, obviamente, para todos, em dinheiro concreto, na riqueza criada, porque põe em causa o dividendo da segurança de que temos beneficiado.