O presidente do governo espanhol e secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, pediu desculpa pelos “indícios muito graves” do envolvimento de Santos Cerdán em alegados “subornos” relacionados com o caso Koldo, e anunciou que o partido vai reestruturar a sua direção e pedir uma auditoria externa às suas contas, ao mesmo tempo que excluiu a hipótese de eleições antecipadas.
Sánchez fez estas declarações durante uma conferência de imprensa na sede do PSOE, em Madrid, depois de o secretário de organização do partido, Santos Cerdán, ter anunciado na quinta-feira que se demitia de todos os seus cargos e renunciava ao seu lugar de deputado. Sánchez explicou que foi ele próprio que pediu a Cerdán que se demitisse “com efeitos imediatos”.
“Quero pedir desculpa porque até esta manhã estava convencido da integridade de Santos Cerdán”, começou por dizer Sánchez. “Esta manhã apareceram estes indícios e são obviamente indícios muito graves”, acrescentou, antes de anunciar que vai lançar “uma auditoria externa” e promover “uma reestruturação da Comissão Executiva Federal do partido”, segundo citação da Euronews.
O chefe do governo espanhol explicou que, durante a reunião que manteve com Santos Cerdán, o ex-secretário da organização “defendeu a sua inocência”, embora Sánchez tenha acrescentado que “terá de ser a justiça a decidir esta questão”, e afirmou que lhe cabe, enquanto secretário-geral do partido, “tomar decisões ao nível da organização”. Neste sentido, sublinhou que “o governo e o PSOE, quando encontram provas, atuam” e “a resposta será sempre contundente”, depois de garantir que as revelações do relatório são “uma grande deceção”.
Relatório comprometedor da UCO abala PSOE
O anúncio da demissão de Santos Cerdán surgiu na sequência do relatório da Unidade Operacional Central (UCO) da Guardia Civil que estima que o até agora número 3 do PSOE poderá estar envolvido na gestão de uma alegada cobrança de comissões por contratos públicos fraudulentos a favor do ex-ministro José Luis Ábalos e do seu ex-assessor Koldo García.
O relatório da UCO foi enviado ao juiz do Supremo Tribunal de Justiça, Leopoldo Puente, no dia 5 de junho e contém transcrições de conversas – divulgadas por vários meios de comunicação social espanhóis – de Santos Cerdán com José Luis Ábalos e Koldo García, ambos figuras centrais do chamado caso Koldo.
De acordo com informações publicadas nas últimas horas, os participantes nas conversas falam de dívidas alegadamente contraídas por várias empresas de construção, alegadamente em troca da manipulação de adjudicações de infraestruturas públicas durante o período em que Ábalos esteve à frente do ministério dos Transportes, entre 2018 e 2021.
Santos Cerdán, ainda segundo a Euronews, reiterou a sua inocência através de uma declaração em que garante que se demite “em defesa” do PSOE e do governo e afirma que “nunca” cometeu “uma ilegalidade” nem foi “cúmplice de nenhuma”. “Espero poder dedicar-me exclusivamente à minha defesa”, acrescenta o ex-secretário de organização dos socialistas, que indica também que tenciona comparecer perante o juiz do Supremo Tribunal “para esclarecer todas as questões” que possam surgir.
Ainda que Sánchez insista na sua permanência na chefia do governo, vai com certeza ser ‘bombardeado’ pela oposição – que há muito quer eleições antecipadas exatamente pela evidência de que se acumulam casos de corrupção que envolvem membros do governo e do partido que o suporta. O Partido Popular tem sido particularmente ativo nesta frente, organizando há várias semanas manifestações de repúdio face à continuação no governo.
Vale a pena lembrar que o Partido Popular, liderado por Alberto Núñez Feijóo, foi o mais votado das últimas eleições legislativas e que reclama o governo – apesar de não ter conseguido formar um depois dessas eleições.
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