A Reserva Federal (Fed) iniciou, nesta terça-feira, 17 de junho, uma reunião de política monetária de dois dias, na qual se espera que o seu presidente, Jerome Powell, mantenha as taxas de juros, apesar das pressões do presidente Donald Trump para que as reduza. Segundo os analistas, a tensão no Oriente Médio e os impactos potenciais sobre o preço do petróleo aumentam a cautela internacional, substituindo os temores da guerra comercial entre os EUA e a China, que mostraram sinais de arrefecimento.
O mercado atribuía 97% de probabilidades a este desfecho para a reunião, que será concluída na quarta-feira. A primeira redução, segundo projeções, deve ocorrer em setembro, aguardando-se agora que surjam sinais da reunião da Fed, que está a ser dominada novamente pela incerteza desde que Trump voltou ao poder em janeiro e revelou um esforço mais agressivo do que o esperado para aumentar as tarifas aduaneiras.
Antes do conflito entre Israel e Irão, tudo indicava que o caminho da Fed para retomar os cortes na taxa de juros a partir de setembro iria ganhar força, após dois relatórios do governo dos Estados Unidos apontarem para uma inflação moderada e sinais de possível enfraquecimento no mercado de trabalho. No entanto, as trocas de mísseis entre Israel e Irão dão agora à Reserva Federal mais motivos para cautela, após a subida dos preços do petróleo, que pode representar uma nova fonte de inflação.
Economistas da Pantheon Macroeconomics ainda esperam que as tarifas do presidente Donald Trump aumentem os preços e elevem a inflação neste ano, mas “a tendência de curto prazo continua favorável, permitindo que a Fed sinalize que ainda pretende afrouxar a política monetária neste ano”, escreveram na semana passada.
As autoridades do Fed acompanham de perto os efeitos das tarifas de Trump, com o objetivo de medir seu impacto na inflação e no mercado de trabalho. O crescimento desiludiu no arranque do ano, e a expectativa quanto à inflação é que volte a acelerar nos próximos meses, obrigando o banco central a uma prudência redobrada.
“A Reserva Federal pode ser paciente e esperar para ver como as tarifas afetam a inflação e o mercado de trabalho neste verão”, disse Ryan Sweet, economista-chefe para os Estados Unidos da Oxford Economics.
Embora a Fed tenha começado a baixar as taxas de referência desde os seus máximos recentes, ao moderar a inflação, que disparou durante a pandemia, manteve as taxas estáveis este ano diante da incerteza causada na economia pelas tarifas de Trump.
Os membros do Fed esperam agora que as políticas comerciais de Trump tenham um efeito “estagflacionário” sobre a economia dos EUA, desacelerando o crescimento e elevando os preços ao mesmo tempo, com a trajetória da política monetária a depender de qual problema se revele mais grave.
Na sua última reunião, que decorreu a 6 e 7 de maio, a Fed manteve os juros diretores, tal como se esperava, no intervalo entre 4,25% e 4,50%, apesar de o presidente norte-americano instar repetidamente a Fed a reduzi-las em um ponto percentual.
Na conferência de imprensa que se seguiu, o presidente do banco central, Jerome Powell, alertou que os “riscos de maior desemprego e inflação” tinham aumentado e que, por isso, também a incerteza em torno das perspetivas para a economia tinha registado “um incremento adicional”. O presidente do banco central, por seu lado, advertiu para o facto de os níveis então anunciados para as tarifas alfandegárias poderem levar a uma desaceleração do crescimento económico e alertou para um potencial aumento da inflação no longo prazo.
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