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Português ex-banqueiro do UBS prepara venda agregada de direitos de transmissão de futebol

“Vejo uma oportunidade única para modernizar a Liga e aumentar a sua presença como player de entretenimento e media”, disse André Mosqueira do Amaral em entrevista à Bloomberg News. O gestor disse que pretende aproveitar a sua experiência em mercados globais e lidar com “transações consideráveis” para realizar este processo.
18 Junho 2025, 22h44

A Primeira Liga, a liga portuguesa de futebol, planeia agregar os seus direitos de transmissão pela primeira vez até 2028, uma medida que visa testar o apetite por direitos de transmissão do futebol europeu numa altura em que outros mercados enfrentam dificuldades, avança a Bloomberg que entrevistou André Mosqueira do Amaral, ex-banqueiro do UBS Group AG e CEO da Liga Centralização, a unidade de negócios criada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) para gerir o processo de centralização dos direitos de transmissão em Portugal.

O CEO lidera este projeto depois de ter sido nomeado em abril. O gestor de 45 anos juntou-se a uma das principais entidades do futebol profissional em Portugal depois de mais de duas décadas a trabalhar em banca de investimento e mercados globais para o Credit Suisse e o UBS em Nova Iorque, Londres, Madrid e Lisboa.

“Vejo uma oportunidade única para modernizar a Liga e aumentar a sua presença como player de entretenimento e media”, disse André Amaral na entrevista à Bloomberg News. O gestor disse que pretende aproveitar a sua experiência em mercados globais e lidar com “transações consideráveis” para realizar este processo.

A medida marca uma grande mudança para Portugal, uma das poucas grandes ligas europeias de futebol onde os direitos de transmissão ainda são negociados clube a clube.

Os três maiores clubes de Portugal — SL Benfica, Sporting CP e FC Porto — são atualmente responsáveis ​​pela maior parte das vendas de direitos de transmissão, enquanto os clubes mais pequenos enfrentam frequentemente a falta de recursos financeiros.

A medida visa também cumprir uma lei que exige a venda centralizada dos direitos de transmissão das duas principais ligas de futebol em Portugal até à época 2028-2029.

O plano tem como objetivo gerar mais receitas para a liga como um todo e levar a uma distribuição mais equitativa desse lucro, disse André Amaral à Bloomberg. A liga é um viveiro de grandes talentos e um destino popular para jogadores de todo o mundo.

No entanto, os direitos de transmissão centralizados têm enfrentado desafios significativos tanto em França como em Itália, lembra a Bloomberg.

O acordo da liga francesa com a Dazn Group Ltd, originalmente no valor de 400 milhões de euros (462 milhões de dólares) anuais, foi alterado no mês passado após disputas sobre pagamentos e número de assinantes. Em Itália, alguns clubes da Série A do país enfrentaram desafios financeiros devido às negociações em curso e a possíveis alterações nos contratos de transmissão.

“Procuramos um modelo que maximize o valor dos direitos através de um processo competitivo e transparente no mercado”, disse André Amaral, que está atualmente em negociações com os clubes em Portugal para definir esta estrutura.

“A Liga Portugal está convencida de que pode aumentar o valor dos direitos de transmissão atraindo novos públicos através de uma série de estratégias”.

Emissoras, fornecedores de televisão por cabo e serviços de streaming online estão entre os possíveis investidores nos direitos de transmissão do futebol português, que produziu estrelas como Cristiano Ronaldo e serviu de porta de entrada para grandes jogadores da América do Sul, que são posteriormente vendidos a clubes europeus de maior dimensão, escreve a Bloomberg.

A Ernst & Young afirmou num relatório de 2021 que a venda conjunta dos direitos de transmissão poderia aumentar a receita anual dos clubes de futebol portugueses de 176 milhões de euros para 325 milhões de euros.

A Liga Portugal criou uma empresa, a Liga Centralização, para negociar e distribuir os direitos de transmissão dos jogos do campeonato. André Amaral disse à Bloomberg que ainda está a ponderar se faz sentido vender uma participação nesta empresa numa altura em que os investidores estrangeiros têm aumentado as suas apostas em alguns dos clubes de futebol mais populares de Portugal.

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