A Cimeira dos BRICS de 2025 será o 17.º encontro anual do agrupamento, tendo lugar entre os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, antiga capital do Brasil, e promete ser muito mais do que um simples encontro de chefes de Estado e de governo. De qualquer modo, e segundo a própria organização, a agenda estará, sob a presidência do Brasil, concentrada na reforma das instituições de governança global.
O combate à fome e à pobreza, a redução das desigualdades, a promoção do desenvolvimento sustentável e a Inteligência Artificial também estão no topo da agenda de uma organização que vai sendo globalmente entendida, por um lado, como ‘o outro lado do espelho’ do G7 e, por outro, como uma alternativa ao Ocidente protagonizada pelos países emergentes. Faz lembrar o antigo grupo dos Não Alinhados, criado no auge da Guerra Fria? Faz – porque no âmago da sua criação está um mesmo pressuposto: o Ocidente não esgota o mundo global.
Em cima da mesa estará mais uma vez a criação de um sistema de pagamentos utilizando moedas locais. Ou estaria: o embaixador e secretário de Assuntos Económicos e Financeiros do Brasil, Mauricio Lyrio, anunciou há quatro meses que o sistema teria sido retirado da agenda. Mas isso não quer dizer que as questões monetárias tenham desaparecido do debate. Bem pelo contrário: a chamada ‘desdolarização’ pode vir a estar na ordem do dia.
Em foco estará também, como não podia deixar de ser, a análise do período de tensão com os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, a propósito do tema das tarifas. Em 30 de janeiro, o presidente norte-americano afirmou que os países BRICS podem sofrer uma taxa de no mínimo 100% caso tentem encontrar uma moeda alternativa ao dólar como forma de pagamento global. A retirada do assunto dos pagamentos em moeda local tem exatamente a ver com essa ameaça, mas por certo que o agrupamento, com mais razão depois da ameaça, não deixará de o abordar.
Vladimir Putin, presidente da Rússia, não deve, mais uma vez, participar na reunião, repetindo o que fez em 2023, durante a 15.ª cimeira, devido ao mandado de prisão emitido em março de 2023 pelo Tribunal Penal Internacional. O Brasil, por ser signatário do Estatuto de Roma, seria obrigado a prender o líder russo no momento em que este chegasse ao país.
Segundo dados oficiais, o bloco reúne onze grandes economias emergentes do mundo, representando cerca de 49,5% da população global, cerca de 40% do PIB global e 26% do comércio total. Como agrupamento formal, os BRIC foram criados após a reunião dos líderes da Rússia, Índia e China em São Petersburgo, à margem da Cimeira de Divulgação do G8 em 2006. O agrupamento foi formalizado durante a primeira reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do BRIC em Nova Iorque em 2006. A primeira cimeira foi realizada em Ecaterimburgo, Rússia, em 2009. O grupo incluiu a África do Sul em 2010. Uma expansão adicional ocorreu em 2024, com o Egito, Etiópia, Irão e os Emirados Árabes Unidos a tornarem-se membros de pleno direito a partir de 1 de janeiro de 2024. Em janeiro de 2025, a Indonésia também aderiu, enquanto a Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão foram introduzidos como países parceiros dos BRICS. A Argentina, já sob o comando de Javier Milei, desistiu de se juntar.
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