“Aumentou significativamente o número e o montante dos novos contratos de crédito à habitação”, revela o Banco de Portugal no comunicado sobre o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito de 2024.
Em 2024, foram celebrados, em média, 10.447 contratos de crédito à habitação por mês (+26,6% face a 2023), correspondendo a um montante médio mensal concedido de 1.491,7 milhões de euros (+32%). Em todos os trimestres de 2024, registou-se, face ao igual período de 2023, um aumento tanto no número de novos contratos como no montante inicial de crédito concedido.
A garantia pública no crédito à habitação entrou em vigor em outubro do ano passado e pode ajudar a explicar, em parte, esta subida. Recorde-se que é um mecanismo de apoio do Estado, destinado a jovens até aos 35 anos, para facilitar o acesso à compra da primeira habitação própria permanente. Esta garantia, que pode chegar a 15% do valor do imóvel, permite que os bancos financiem uma maior percentagem do valor da transação, potencialmente até 100%.
No comunicado, o Banco de Portugal diz ainda que “no que se refere a outros créditos hipotecários, foram celebrados 35.520 novos contratos de crédito (mais 44,2% face a 2023), aos quais correspondeu um montante de crédito concedido de 2,1 mil milhões de euros (mais 58,4%), acrescenta o banco central”.
Segundo os dados reportados pelas instituições financeiras ao Banco de Portugal, os intermediários de crédito estiveram envolvidos em cerca de 57% do montante concedido e em 56% dos contratos de crédito à habitação e hipotecário celebrados em 2024.
No final do ano, as instituições tinham em carteira 1,32 milhões de contratos de crédito à habitação (-1,7% face a 2023), com um saldo em dívida de 101,7 mil milhões de euros (+3,5% face a 2023).
O prazo médio dos contratos de crédito à habitação celebrados em 2024 foi de 30,6 anos, valor semelhante ao observado em 2023, revela o banco central. De igual modo, o prazo médio dos contratos de crédito à habitação em carteira manteve-se relativamente estável, passando de 33,7 anos, em 2023, para 33,5 anos, em 2024.
O Banco de Portugal diz que mais de 80% dos novos contratos de crédito à habitação foram celebrados a taxa mista.
Em 2024, os novos contratos de crédito à habitação celebrados com uma taxa mista passaram a representar 82% do número total de novos contratos (45% em 2023) e 81,6% do montante de crédito concedido (46,8% em 2023). Não obstante, no final do ano, a maioria dos contratos na carteira das instituições continuava a ser de taxa variável (74,7% dos contratos e 60,9% do saldo em dívida).
O spread médio dos novos contratos com taxa variável prosseguiu a trajetória de descida observada nos últimos anos, passando de 0,93 pontos percentuais, em 2023, para 0,89, em 2024.
Já os reembolsos antecipados e as renegociações de contratos de crédito à habitação diminuíram face a 2023.
Em 2024, o número de reembolsos antecipados diminuiu 26,1% face a 2023, e o montante total amortizado reduziu 19,6%. Foram realizados 182.624 reembolsos antecipados (parciais ou totais) no crédito à habitação, com um montante global de 9 mil milhões de euros.
As renegociações resultantes de alterações contratuais diminuíram 60,6% em número e 61,9% em montante. Durante o ano, ocorreram 60.491 renegociações, correspondentes a um montante total renegociado de 6,5 mil milhões de euros.
O mercado de crédito aos consumidores voltou a crescer, superando o nível do período pré-pandemia. Foram celebrados, em média, 139.558 novos contratos de crédito aos consumidores por mês, correspondendo a um montante médio mensal concedido de 702,1 milhões de euros. Face a 2023, o número de contratos celebrados em 2024 cresceu 5% e o montante de crédito concedido aumentou 10%.
O montante de crédito aos consumidores, em 2024, cresceu em todos os segmentos, nomeadamente: +15% no crédito automóvel, +8,2% no crédito revolving e +6,6% no crédito pessoal. O montante médio dos novos contratos de crédito pessoal passou de 6.700 euros, em 2023, para 7.000 euros, em 2024. No crédito automóvel, passou de 15.100 euros para 15.300 euros, e no crédito revolving manteve-se inalterado nos 1.500 euros.
O supervisor bancário destaca ainda que a importância dos intermediários de crédito no crédito aos consumidores aumentou. “Cerca de metade do montante de crédito aos consumidores (49,9%) foi concedido através de intermediários de crédito (45,2% em 2023). Este aumento do peso dos intermediários de crédito foi transversal a todos os segmentos de crédito aos consumidores”, revela.
Por fim, o custo médio do crédito aos consumidores aumentou em 2024, em todos os segmentos. O BdP diz que a Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG) média dos contratos de crédito aos consumidores, no último trimestre de 2024, aumentou 0,4 pontos percentuais em relação ao período homólogo, passando de 12,4%, em 2023, para 12,8% em 2024.
Em maio, o Banco de Portugal revelou que cerca de 89% dos contratos de crédito à habitação com recurso à garantia pública para jovens até 35 anos tiveram um financiamento a 100% no primeiro trimestre, divulgou esta quarta-feira (21 de maio de 2025) o Banco de Portugal (BdP), adiantando que, no período em análise, estes contratos representaram 9% do número total de novos contratos e 13% do montante de novos contratos.
“Os créditos com garantia registaram um rácio LTV [loan-to-value] médio de 99%, com 89% destes contratos a apresentarem um rácio de 100%”, refere o banco central no Relatório de Estabilidade.
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