[weglot_switcher]

Crescimento da economia mundial revisto em baixa: menos 0,9 pontos percentuais

“As políticas comerciais altamente imprevisíveis da administração norte-americana representam um risco significativo para o comércio e para a economia mundiais. Embora as tarifas recíprocas tenham sido suspensas e se tenham reduzido os impostos iniciais à China, espera-se um impacto da guerra tarifária no PIB global, na inflação e no comércio”, alerta a Crédito y Caución.
8 Julho 2025, 11h10

Um relatório da empresa especializada em seguros de crédito e caução, Crédito y Caución reduziu em 0,6 pontos percentuais (p.p.) as previsões de crescimento global, face aos valores de maio e desceu 0,9 p.p. em comparação com os registos de janeiro. A empresa prevê que em 2025 a economia mundial cresça na ordem dos 2,4%.

“As políticas comerciais altamente imprevisíveis da administração norte-americana representam um risco significativo para o comércio e para a economia mundiais. Embora as tarifas recíprocas tenham sido suspensas e se tenham reduzido os impostos iniciais à China, espera-se um impacto da guerra tarifária no Produto Interno Bruto (PIB) global, na inflação e no comércio”, alerta a Crédito y Caución.

A economista da Atradius, Dana Bodnar, considerou que as tarifas “reduzem o crescimento do PIB devido à menor procura e aumentam a inflação devido ao aumento” dos preços.

“As empresas importadoras enfrentam custos mais elevados, o que reduz as margens de lucro e aumenta os preços”, disse Dana Bodnar.

“Embora ainda não se saiba em que nível a tarifa efetiva dos Estados Unidos permanecerá – atualmente está em torno de 15%, valor bem acima dos 2,4% no final de 2024 -, este é já o nível mais alto desde a Grande Depressão. Além disso, mantém-se a tarifa universal de 10%, juntamente com tarifas de 25% sobre automóveis, 50% sobre aço e alumínio e 25% sobre produtos do México e Canadá que não estejam em conformidade com o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA)”, descreve a Crédito y Caución.

Neste panorama, salienta a Crédito y Caución, “não se preveem alterações significativas” porque mesmo que os próximos passos políticos “sejam incertos, geralmente demora muito mais tempo a reduzir as tarifas do que a implementá-las”.

A Crédito y Caución considera que o mercado norte-americano deve ser afetado pelas políticas protecionistas da nova administração” com um crescimento de 1,5% este ano, menos 1,9% do que as estimativas feitas em janeiro” de 2025.

“Esta contração da economia deve-se principalmente a uma perspetiva muito mais fraca para as despesas das empresas, uma vez que as empresas estão a adiar investimentos. Além disso, as tarifas levarão a um aumento dos preços que levará a um aumento da inflação e a uma diminuição da procura”, explica a empresa especializada em seguros de crédito.

Para a Crédito y Caución os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, como o Canadá e o México, deverão “sofrer significativamente” o impacto das novas tarifas. “A previsão do México é de crescimento zero do PIB este ano. No caso da Europa, estima-se um ligeiro crescimento de 0,9% em 2025 e 2026”, prevê a empresa especializada em seguros de crédito.

“No campo oposto, a China aguentará melhor, com um crescimento de 4,3% em 2025, embora o crescimento das exportações abrande com a entrada em vigor das tarifas”, considera a Crédito y Caución.

Por setores a Crédito y Caución prevê uma “recessão industrial” no segundo e terceiro trimestres deste ano, “uma vez que o setor transformador antecipou a sua atividade no primeiro trimestre para se proteger da entrada em vigor de novas tarifas particularmente elevadas” para este setor.

“A indústria automóvel, um dos principais setores consumidores de aço, sentirá mais do que os restantes o impacto dos direitos aduaneiros de 50% recentemente impostos. Os investimentos que normalmente seriam feitos para modernizar equipamentos fabris também devem ser cancelados ou adiados nos setores manufatureiros, causando uma queda geral na produção de 2,7 pontos percentuais em relação à previsão de março”, diz a Crédito e Caución.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.