É uma escolha individual, já que o Presidente da República é o chefe do Estado e o único órgão de soberania unipessoal em Portugal, mas há sempre a tendência para partidarizar o processo, como se fosse uma extensão de legislativas ou autárquicas, funcionando em pacote ou por oposição.
Pensar assim acarreta riscos, como agora acontece. Qualquer resultado dos candidatos presenciais será comparado diretamente com os conseguidos pelos partidos que os apoiaram nas últimas legislativas, com a agravante de enfrentarem Henrique Gouveia e Melo, que as sondagens dizem ter vantagem, o que faz com que os partidos que teimem em colocar o seu peso em jogo partam para a contenda com a garantia de um universo mais reduzido.
O PS é o que sai mais fragilizado. O processo de escolha ou apoio de uma candidatura foi um desastre, ainda no consulado de Pedro Nuno Santos, com avanços e recuos e um desnorte profundo visto na sugestão de primárias para escolher um nome. Agora, tem um novo líder, que deve ter presente que ao apoiar um candidato este terá de apresentar um resultado superior ao que o partido obteve nas legislativas, para fazer prova de vida.
O Chega, com André Ventura de fora, tem o mesmo problema de não poder arriscar um crescendo de vitórias com uma votação inferior àquela que obteve. Também a Iniciativa Liberal, com Mariana Leitão retirada, arrisca perder fôlego. À esquerda o cenário não é melhor, sendo o risco de implosão maior.
É um drama partidário que até poderá ser redentor, porque Gouveia e Melo aparece sozinho, António José Seguro avançou mesmo contra a nomenclatura socialista, e até Luís Marques Mendes começou a correr antes de o PSD se chegar à frente. Lá está, escolhas individuais que dignificam o processo.