O relógio está em contagem decrescente.
No dia 1 de agosto teremos o segundo dia da “Libertação Americana”, com a Administração Trump a implementar uma série de taxas alfandegárias, que podem ter um impacto substancial no comércio mundial. Em abril, quando anunciadas, a reação foi de choque, com os mercados a baixarem mais de 20%, quedas não vistas desde a pandemia de Covid, para recuperarem nos meses seguintes.
A União Europeia está numa corrida contra o tempo, depois de ter conseguido adiar um entendimento com os EUA. Faz bem em não responder de imediato às diferentes taxas alfandegárias anunciadas numa base recorrente, mas deve tentar um acordo e salvaguardar o interesse europeu.
É compreensível a preocupação dos vários setores e os alertas de perdas potenciais, mas a Europa não pode acorrer, nem suportar o que são riscos dos negócio.
Se um Estado decide, unilateralmente, alterar taxas ou impostos, então, terão de ser os consumidores desse Estado a suportar os custos mais elevados. Claro que a procura pode ser afetada, devido a um menor poder de compra, e, nesse caso, o setor exportador europeu poderá ser afetado.
Precisamente por essa razão, é essencial que uma empresa não dependa de um mercado, por muito tentador que isso possa parecer. Tal como nos investimentos nos mercados financeiros, onde não existem garantias de retorno, a chave está em diversificar. Se um investimento não correr bem, temos outros que compensam e permitem manter um crescimento a longo prazo.
No caso das taxas alfandegárias, a maior parte dos agentes económicos estão preocupados com a redução das margens, porque pretende manter o mercado americano a todo o custo. A solução passa por manter as margens e justificar ao consumidor americano por que razão tem de pagar mais pelo mesmo produto – qualidade, escassez, benefícios à saúde, etc.
Os empresários têm dificuldade em valorizar os seus produtos e tal deve-se, essencialmente, à falta de literacia empresarial – algo que, a par da literacia financeira, deve passar pelas escolas. A teoria é uma coisa, mas a prática é outra, totalmente diferente. Os políticos europeus estão agora a sentir na pele o que é lidar na prática com um homem de negócios, seja ou não bem-sucedido.