Resiliência, robustez, dinamismo, são todos qualificativos que podem ser usados para descrever a evolução do setor segurador em Portugal nos tempos mais recentes.
O ano passado foi de ouro, como na banca, com a produção global de seguro direto a crescer 21,2% face ao ano anterior, para 14,3 mil milhões de euros, alavancada pela evolução do ramo Vida, que registou um aumento de 34,9%, com destaque para os Planos de Poupança Reforma (PPR), que ganharam 2,7 pontos de quota, para 27,3%.
O ramo Não Vida expandiu-se a um ritmo menor, mas, mesmo assim, superior ao do conjunto da economia. Os dados da ASF – Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões mostram que os seguros de doença e saúde aumentaram 17,5% e os de automóvel subiram 9,9%. Em contraciclo, os ramos de transportes e mercadorias apresentaram ligeiras quebras, refletindo a desaceleração do comércio internacional. A economia portuguesa ficou-se por um crescimento nominal de 6,3%.
Este desenvolvimento tornou o setor ainda mais robusto financeiramente, com o rácio estimado de cobertura do Requisito de Capital de Solvência a aumentar três pontos percentuais, para 207%, e o rácio de cobertura do Requisito de Capital Mínimo a subir seis pontos, para 545%. O valor total das carteiras de investimento cresceu 4,1%, para 52,5 mil milhões de euros.
As companhias estão capitalizadas e os rácios financeiros são sólidos, consideram os analistas. E não se trata de um caso único, de um fogacho, porque o início de 2025 confirmou a tendência de expansão, com indicadores que apontam para um setor mais dinâmico, digital e resiliente.
No primeiro trimestre de 2025, a ASF reportou um crescimento homólogo de 18,4% na produção de seguro direto, totalizando 4,2 mil milhões de euros. O ramo Vida cresceu 30,2%, impulsionado pelos seguros ligados a fundos de investimento, que dispararam 72,1%. É uma tendência a crescente procura por produtos de capitalização.
Os ramos Não Vida mantiveram a trajetória ascendente, com destaque para os seguros de doença, que cresceram 12,8%, e para o automóvel a ganhar 9,2%.
A capitalização das empresas seguradoras também se manteve sólida. O valor das carteiras de investimento atingiu os 52,7 mil milhões de euros no início de 2025, um ligeiro acréscimo de 0,2% face ao final de 2024.
A estrutura do mercado sofreu alterações subtis, mas significativas. O Índice de Hirschman-Herfindahl, que mede a concentração de mercado, subiu de 0,1180 para 0,123, sinalizando uma ligeira concentração. O número de mediadores ativos caiu de 10.489 para 10.289, sobretudo entre os agentes individuais, refletindo uma tendência de profissionalização e consolidação do setor.
Este retrato de solidez confere uma base para o setor investir e se reinventar. A digitalização, a inteligência artificial e a personalização de produtos são agora prioridades estratégicas. A sustentabilidade ganha protagonismo, com o desenvolvimento de seguros que incorporam critérios ambientais, sociais e de governação (ESG, na sigla em inglês). A educação financeira e a experiência do cliente tornaram-se eixos centrais da inovação.
O setor segurador português entra na segunda metade de 2025 com confiança reforçada, bases financeiras sólidas e uma visão estratégica clara. Num mundo em constante mutação, a capacidade de adaptação será o maior ativo das seguradoras para enfrentar os desafios que se colocam.
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