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Sistemas agroalimentares globais com apenas 5% do financiamento que precisam para serem sustentáveis

As barreiras comuns ao financiamento da transformação do sistema alimentar incluem a incerteza em torno dos retornos financeiros, a natureza fragmentada da produção alimentar que cria desafios operacionais, relatórios de impacto inconsistentes e coordenação limitada ao longo da cadeia de valor, refere a Bain.
Bain & Company
25 Julho 2025, 13h03

Os sistemas agroalimentares globais requerem investimentos anuais de 1,1 biliões de dólares nos próximos cinco anos para fazer a transição para modelos de produção alimentar sustentáveis e resilientes que garantam emprego e estejam em conformidade com os objetivos do Acordo de Paris, segundo um estudo da Bain & Company.

No entanto o investimento anual atual é extremamente insuficiente, atingindo apenas 5% do montante necessário. Assim, para desbloquear maiores fluxos de capital, serão necessários mecanismos de financiamento inovadores, conclui a consultora.

Um novo relatório conjunto da Bain & Company e do Fórum Económico Mundial destaca “modelos de financiamento inovadores que poderiam reduzir as barreiras ao investimento e atrair um amplo leque de atores financeiros para ajudar a colmatar o défice de financiamento”.

Atualmente, a maioria dos investimentos privados em sistemas alimentares concentra-se na Europa e na América do Norte. As regiões que mais precisam de investimento – Ásia-Pacífico, África e América Latina – continuam significativamente subfinanciadas.

“A transformação dos sistemas alimentares não é apenas uma necessidade climática – é uma oportunidade comercial. Os financiadores com exposição ao setor alimentar têm interesse em melhorar os perfis de risco de crédito dos seus clientes. Investir em sistemas alimentares também permite que os financiadores cumpram regulamentos cada vez mais rigorosos de sustentabilidade de carteiras e honrem compromissos essenciais com as partes interessadas”, afirmou Francisco Montenegro, partner da Bain & Company.

As barreiras comuns ao financiamento da transformação do sistema alimentar incluem a incerteza em torno dos retornos financeiros, a natureza fragmentada da produção alimentar que cria desafios operacionais, relatórios de impacto inconsistentes e coordenação limitada ao longo da cadeia de valor, refere a Bain que diz que “por isso, são necessários mecanismos inovadores para aumentar o financiamento para a resiliência climática na agricultura”.

Dada a diversidade dos sistemas alimentares e os diferentes pontos de partida das instituições financeiras, não existe uma solução única para todos.

O relatório centra-se no financiamento da transformação – principalmente através de empréstimos –, reconhecendo simultaneamente a importância de outros instrumentos, como os seguros.

Os modelos financeiros propostos dividem-se em três categorias, todos concebidos para reduzir as barreiras ao investimento: financiamento direto aos agricultores, empréstimos através de empresas e plataformas de múltiplos stakeholders.

Em conjunto, estes modelos captam a amplitude da inovação nos mercados, nas mercadorias e nas estratégias de redução do risco, destacando os diversos caminhos para transformar o financiamento do sistema alimentar, explica a Bain.

“Iniciativas como a Aceli Africa, o Project Acorn, o programa de agricultura regenerativa da McCain e a plataforma Innovative Finance for the Amazon, Cerrado and Chaco (IFACC) demonstram como o capital comercial, filantrópico e governamental pode ser alinhado para obter um impacto escalável”, de acordo com o relatório.

“Uma característica comum a todos os modelos é a necessidade de ação coordenada em toda a cadeia de valor, incluindo agricultores, empresas agroalimentares, retalhistas, instituições financeiras, fornecedores de dados e governos. Cada um dos modelos emprega estratégias de redução de riscos que vão desde ferramentas de financiamento tradicionais, como garantias, até abordagens inovadoras, como a monetização dos resultados do ecossistema”, refere no comunicado Derek Baraldi, Diretor de Sustentabilidade do Fórum Económico Mundial.

“A transformação dos sistemas alimentares apresenta grandes oportunidades de investimento para o capital comercial, permitindo abrir novos mercados, aumentar as receitas e melhorar a resiliência do portfólio. Contudo, ampliar esses investimentos requer uma estratégia personalizada, alinhada com os pontos fortes, o portfólio, a propensão ao risco e as metas de sustentabilidade das instituições”, acrescenta Francisco Montenegro, partner da Bain & Company.

A Bain & Company diz que para terem sucesso, os financiadores devem estabelecer metas claras para investimentos na transformação dos sistemas alimentares e desafiar as equipas a identificar modelos escaláveis e rentáveis, adaptados ao portfólio e às capacidades.

Mas também construir parcerias estratégicas em toda a cadeia de valor alimentar (incluindo fornecedores de capital catalítico, empresas agroalimentares e/ou agricultores) para garantir rentabilidade aos acionistas e acelerar a entrega em escala. Bem como conceber e adotar mecanismos de financiamento inovadores, apoiados por mecanismos de redução do risco (incluindo sinais de procura).

É preciso, na opinião da Bain, gerir eficazmente o risco de crédito para trabalhar com conjuntos de dados emergentes e reforçar as capacidades de dados sobre o impacto climático; e garantir o apoio ativo e contínuo da equipa de liderança sénior.

 


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