“Resvés Campo de Ourique” é a expressão com a qual as empresas com maior quota de mercado de smartphones em Portugal podem resumir a sua situação atual. No ano passado, a Huawei e a Samsung – que representam, cada uma, mais de 25% da indústria de telemóveis no país – tiveram receitas de 333,95 milhões de dólares (cerca de 295,38 milhões de euros) e de 333,31 milhões de dólares (aproximadamente 294, 82 milhões de euros), respetivamente. A dupla tem visto as vendas destes equipamentos aumentarem e destacaram-se nos primeiros meses do ano com importantes lançamentos. Contudo, a marca chinesa está envolta em suspeitas de ser uma porta de espionagem da China para o Ocidente e a sul-coreana viu-se recentemente obrigada a adiar a chegada do desdobrável às lojas depois de vários ‘avaliadores’ terem detetado problemas.
Os obstáculos aparecem, mas ambas vão fazendo investimentos significativos. A Samsung vende 42.000 smartphones por hora em todo o mundo e vai investir 22 mil milhões de dólares (20 mil milhões de euros) nos próximos três anos para criar centros de desenvolvimento de 5G e IA. Por outro lado, a Huawei anunciou ter assinado mais de duas dezenas de contratos com telecoms europeias (entre as quais, por exemplo, a Vodafone) para implementar a quinta geração de telecomunicações móveis. Alexandre Silva, diretor de Mobile da revendedora jp.di (distribuidora oficial dos smartphones da Xiaomi), diz ao Jornal Económico que os modelos flexíveis lançados pela Samsung e Huawei são “verdadeiramente disruptivos e reveladores de uma tendência para os próximos tempos” e, provavelmente, capazes de substituir os tablets e os pequenos portáteis.
Empresas históricas
Quer a Huawei quer a Samsung Electronics nasceram no século XX, a primeira numa era de mudanças estruturais na China e a segunda a partir de um negócio (mercearia) familiar. Ren Zhengfei fundou a Huawei em 1987, “quando a China começou a implementar a sua reforma e a abrir a política”, a “mudar de uma economia planeada para uma economia de mercado”, tal como contou à BBC. O empresário chinês confessou ao canal britânico que, nessa altura, nem ele nem certos membros do governo “faziam a mais vaga ideia daquilo que era uma economia de mercado”. Hoje, os ganhos que a empresa tem na casa-mãe fazem a diferença. A Counterpoint refere que as marcas chinesas, cujos lucros aglomerados cresceram 24% em 2018, estão a dominar o mercado de smartphones na China e poderão continuar a fazê-lo se apostarem em preços acessíveis: “Empresas como a Huawei, a Oppo e a Vivo aproveitaram rapidamente a lacuna criada no segmento premium, já que os preços dos aparelhos da Apple subiram para mais de 1.000 dólares”.
Tiago Flores, diretor de vendas da Huawei Consumer Business para Portugal, diz que os seus produtos “estrela” são as séries P e Mate: “Conseguiram mostrar ao mundo que somos uma empresa comprometida em oferecer uma ampla variedade de dispositivos que querem surpreender as pessoas proporcionando as melhores experiências, mais funcionalidades e as mais recentes tecnologias nos diferentes segmentos de mercado”.
A Samsung Electronics, que este ano celebra o seu 50º aniversário e os primeiros dez anos de vida da marca Galaxy, abriu em Portugal a primeira fábrica fora da Coreia do Sul, em 1982. Para Suzanne Smith, senior marketing manager da Samsung, o ecrã infinito foi um dos desenvolvimentos mais importantes da década – introduzido no mercado em 2017 pelo Galaxy S8. Em entrevista ao semanário, salientou que é “bonito e prático” e que o sistema de resistência é uma das funcionalidades mais úteis para os dias de hoje.
“Assistimos a uma forte procura de smartphones premium, por isso esperamos uma boa adesão ao Galaxy S10 por parte dos consumidores. Foi o lançamento mais surpreendente deste início de ano, mas não podemos ignorar o Fold. Temos estado a trabalhar neste dispositivo há uns anos e estávamos só à espera do momento certo para o apresentar a vocês. É difícil manter o segredo mas a nossa confidencialidade é muito alta”, disse. Apesar de ainda não haver data oficial para o lançamento deste telemóvel flexível, a operadora AT&T fala no próximo dia 13 de junho.
Para José Correia, diretor de Marketing de Mobile da Samsung Portugal, o aumento da concorrência tornou o mercado mais exigente, “não apenas ao nível dos produtos e serviços” que são oferecidos pelas marcas, mas também “nas estratégias de marketing, cada vez mais diversificadas”. A multinacional sul-coreana assegura que enfrenta as mudanças “com naturalidade”, porque acredita que cria tecnologia que contribui para o progresso social. “O smartphone deixou de ser apenas um equipamento de uso pessoal e passou a ser uma ferramenta de trabalho e um acessório indispensável”, sublinha este porta-voz.
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