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BNI passa de lucros a prejuízos com imparidades para crédito a dispararem em 2018

O banco teve em 2018 um prejuízo de 6,5 milhões de euros. O destaque vai para as imparidades para crédito que disparam de 524 mil euros em 2017 para 10,6 milhões de euros em 2018. O BNI invoca a aplicação das novas regras contabilísticas conhecidas como IFRS 9, para explicar em parte este agravamento. 
Foto cedida
5 Maio 2019, 16h10

O BNI Europa apresenta pela primeira vez prejuízos. O banco liderado por Pedro Pinto Coelho teve  6,5 milhões de euros de prejuízos e apresenta capitais próprios abaixo dos 20 milhões de euros. A rentabilidade dos capitais próprios é negativa, de -25,2%.

Os prejuízos de 2018 (-6,556 milhões) comparam com um lucro de 2,286 milhões de euros em 2017.

O destaque vai para as imparidades para crédito que disparam de 524 mil euros em 2017 para 10,6 milhões de euros em 2018. O custo do risco passa de 55 pontos base (0,55%) para 599 pontos base (5,99%). O BNI invoca a aplicação das novas regras contabilísticas conhecidas como IFRS 9, para explicar em parte este agravamento.

As imparidades para outros ativos por sua vez caíram num ano de 2 milhões para 128 mil euros.

Apesar da receita proveniente da margem financeira ter subido de 2,65 milhões para 8,6 milhões de euros e das comissões  terem evoluído de 237 mil euros para 803 mil euros, o produto báncario caiu 2,3%, para 12,9 milhões de euros. Isto porque os resultados de trading caíram de 10,3 milhões em 2017 para 3,8 milhões em 2018. Também a rubrica Outros Resultados de Exploração caiu de 10 para 345 mil euros.

O produto bancário por colaborador caiu de 231 mil euros para 177 mil euros.

No relatório e contas o banco explicou que o produto bancário de 2017 foi essencialmente suportado por Resultados em Operações Financeiras, no montante de 10,3 milhões de euros, relativos à realização de mais valias com a venda de títulos. “O crescimento da Margem Financeira em 2018 equivale a 67% do Produto Bancário (20,3% em dezembro de 2017) e reflete a estratégia que tem vindo a ser seguida pelo Banco na aposta no crédito a clientes”, diz o BNI.

A eficiência também não melhorou em 2018. O banco piorou o Cost-to-Income de 58% para 78%.

O BNI Europa viu os custos agravarem de 7,7 milhões para 10,1 milhões num ano e o resultado operacional a cair 49%, de 5,5 milhões em 2017 para 2,8 milhões em 2018.

O banco diz que registou impostos diferidos por prejuízos fiscais relativos a 2014, 2015 e 2016, no montante de 7,445 milhões de euros, “para os quais existe espectativa de recuperação”.

A Carteira Própria de títulos, que diminui em 139,3 milhões de euros, inclui em 2018, títulos de dívida soberana (148,3 milhões de euros em 2018) e obrigações corporate (146,7 milhões de euros em 2018). No 1º semestre de 2018, o Banco alienou obrigações soberanas e de empresas, as quais geraram mais valias de 3,510 milhões.

O BNI contextualiza o ano de 2018 dizendo que “consolidou-se a estratégia, quer ao nível da captação de depósitos junto de clientes residentes e não residentes, como através do aumento do volume de crédito a clientes por via de plataformas Fintech ou através dos produtos e serviços próprios do Banco, permitindo um reforço significativo da margem financeira”.

Em 2018, O Banco lançou produtos e serviços sobre várias marcas próprias, como a Flex – Crédito hipotecário, Puzzle Fits – Crédito no recibo, Puzzle Code Academy e estabeleceu variadas parcerias para o mercado português e internacional, “o que tem permitido suportar o reconhecimento do Banco, assim como a recetividade do mercado ao posicionamento e atividade do Banco”, lê-se no relatório e contas.

Pedro Pinto Coelho anuncia no relatório que “para 2019, e suportado por um novo enquadramento acionista e capitais reforçados, o Banco BNI Europa ambiciona incrementar os níveis de crescimento já alcançados, alargando a sua oferta de produtos e serviços e melhorando a qualidade de serviço ao cliente, nomeadamente através de meios digitais mais robustos e inovadores, incluindo-se uma plataforma de abertura de conta totalmente online e a disponibilização de serviços de pagamento mais eficientes. O foco na promoção contínua de um sólido sistema de controlo interno, na gestão do risco e na melhoria da performance financeira, são igualmente aspetos aos quais se pretende dar particular atenção. Para tal, o Banco continuará a investir em tecnologia e meios humanos qualificados e flexíveis, assim como no alargamento da gama de oferta de produtos e serviços, das parceiras nacionais e internacionais e nas ações de responsabilidade social de apoio aos mais necessitados”.

O CEO diz ainda que “simultaneamente, o Banco pretende evoluir o seu negócio associado aos investimentos em portfolios de crédito originados em jurisdições estrangeiras no sentido de o tornar mais eficiente, rentável, flexível e ajustado às necessidades dos vários players e das tendências de evolução dos mercados”.

É convicção do Conselho de Administração “que este posicionamento permitirá ao Banco BNI Europa continuar como uma referência na nova geração “Fintech” de bancos Europeus através da introdução de inovação no mercado português e do preenchimento de segmentos e oferta direcionadas a clientes com necessidades que não estão a ser atendidos pelos demais operadores financeiros do mercado, e em simultâneo operar com taxas de crescimento significativas e níveis de rentabilidade e solvabilidade incrementados”.

Fontes do mercado alertam para o facto de a pesada regulação e custos impostos à Banca estar a afetar muito negativamente os bancos pequenos.

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