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Portugal é o terceiro país com mais dificuldade em recrutar

Estudo revela que 57% das empresas de logística e transportes pretende contratar em 2026. Há vagas em todos os perfis. Nos tecnológicos, a competição é desenfreada.
23 Novembro 2025, 11h00

Faltam pessoas. Portugal é já o terceiro país onde os empregadores reportam mais dificuldade em atrair as pessoas qualificadas de que necessitam. A escassez de talento agrava-se também no setor dos transportes, logística e automóvel.
Uns expressivos 85% dos inquiridos numa não menos expressiva amostra de 62 empresas na qual se baseia o estudo do ManpowerGroup “Desafios de Talento em Logística e Transportes” aponta essa dificuldade. O estudo, realizado entre junho e setembro deste ano, revela um acentuar das dificuldades na contratação, com uma subida de 11 pontos percentuais face ao ano de 2024.
Salários e capacitação são eixo da estratégia das empresas para atrair e fidelizar o talento, adianta o estudo.

2026 em antecipação
O que se pode esperar do próximo ano? Pedro Amorim, corporate sales director do ManpowerGroup, diz ao Jornal Económico (JE) que 57% das organizações do setor afirmam pretender aumentar as suas equipas. Acrescenta que apenas 3% consideram uma redução de efetivos. Contas feitas, sintetiza: “Traduz-se num aumento líquido do emprego por parte de 54% das empresas”. É indicativo da expectativa de crescimento da atividade.
À cabeça das contratações prioritárias destacam-se as áreas de operações, transporte e mobilidade, referidas por 65% das empresas, e de logística e armazém e compras (61%).
As áreas tecnológicas estão num crescendum, devido à aposta generalizada na adoção de tecnologias assentes em IA (inteligência artificial), conectividade, IoT (internet das coisas) e recolha e tratamento de dados. Por esse motivo, IT & Data (37%) e cibersegurança (22%) surgem também entre as áreas de maior contratação.
Pedro Amorim refere ainda que, num “contexto de mercado de elevada competitividade”, onde as empresas precisam de “reforçar as suas abordagens comerciais para poder crescer”, também as funções de vendas, marketing e serviços ganham maior procura, sendo referidas por 14%.
No mapa das funções mais procuradas nos transportes e logística, a procura situa-se, por ordem de grandeza, em funções operacionais e de gestão como operadores de armazém (47%), responsáveis de logística (31%), operadores de empilhadores (29%) e condutores de veículos pesados (24%). Neste top encontram-se igualmente funções ligadas à transformação digital, com destaque para os especialistas em ‘business intelligence’ (BI) e ‘data analysts’, funções ligadas à IA e ‘machine learning’, e funções ligadas à cibersegurança.

Manta curta
O problema não é de ontem. Nas funções técnicas e operacionais, verifica-se, há anos. “Este fenómeno resulta numa procura contínua e recorrente, fruto da escassez de talento, que é motivada pelo desencontro de competências, associado à falta de formação técnica em perfis técnicos especializados (45%)”, explica Pedro Amorim.
Não só. O responsável do ManpowerGroup aponta também fatores endógenos à função e ao sector. Entre os principais, os empregadores referem: condições de trabalho (55%), necessidade de mobilidade geográfica (33%) e imagem pouco atrativa do setor (33%).
Numa economia em transição digital, como a que está em construção, qual a empresa que não precisa de perfis tecnológicos? Esta é a outra parte do problema. “Há uma procura por funções tecnológicas por parte deste setor, que tem de competir com todos os outros para atrair perfis tecnológicos. O desafio é “intensificado”, porque há outros com “atratividade superior”, pela própria “exposição a novas tecnologias”, pela “imagem do setor” e pelas “condições salariais”.
A logística, chave na cadeia de abastecimento global, afirma-se, desde a pandemia, uma das atividades mais dinâmicos também por cá.


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