Portugal quer ser grande, mas continua a pensar pequeno. Sofremos de uma certa miopia nacional: vemos os problemas com nitidez, mas desfocamos o sucesso que já existe. E essa miopia custa-nos crescimento, salários e futuro.

O novo estudo da Associação Business Roundtable Portugal (BRP) e da Informa D&B identifica 403 empresas portuguesas que crescem de forma consistente, exportam mais, inovam mais e resistem melhor às crises. Juntas, faturam 22 mil milhões de euros, empregam 106 mil pessoas e exportam 4,3 mil milhões – um aumento equivalente a 10% do crescimento nominal do PIB entre 2019 e 2024. Não são unicórnios, nem exceções mediáticas. São empresas maduras – em média com 36 anos – espalhadas por todo o território, do interior aos Açores, da Madeira ao Minho.

E, no entanto, continuam invisíveis no debate público. Precisamos de celebrar mais este sucesso. Repetir esta ideia não é exagero, é intenção. Uma cultura só muda quando começamos a valorizar, sem vergonha, aquilo que fazemos bem. Há mais sucesso em Portugal do que os sete unicórnios, os 43 líderes empresariais do BRP ou até o Ronaldo. E é este sucesso consistente, discreto e nacional que tem potencial real para transformar o país.

Mas continuamos presos a um tecido dominado por micro e pequenas empresas, com apenas 3% das empresas médias a conseguirem tornar-se grandes. Isto limita salários, trava a produtividade e reduz a capacidade de competir globalmente. Portugal pode e deve ser muito melhor – e depende mais de nós empresários do que de Bruxelas, de Lisboa ou de Washington.

É por isso que criámos o Programa de Apadrinhamento do BRP. Ligamos CEO a CEO, sem filtros nem formalismos. Partilhamos o que temos de mais valioso: tempo, experiência e conhecimento. Uma conversa certa muda uma empresa. Um conselho evita um erro caro. Um desafio direto desperta ambição. É cidadania empresarial no seu melhor: interessados, mas nunca interesseiros. E é também aquilo que define o BRP: não somos um think-tank; somos um action tank. Não estudamos apenas problemas; fazemos acontecer.

Se algumas destas 403 empresas fizerem o caminho de médias a grandes, Portugal muda. O estudo da McKinsey já o tinha mostrado: bastam algumas grandes empresas adicionais para transformar o destino económico do país.

A pergunta é simples: queremos continuar a ser uma economia de pequenas ambições, ou vamos finalmente celebrar o sucesso de quem já está a puxar Portugal para cima, e ajudá-las a crescer?