O ano de 2026 será diferente, só não sabemos como. Este fim de ano está a ser sui generis, e é o sinal avançado do que está por vir, desta vez não devido aos EUA, onde Trump continua a consolidar o poder apesar das revoltas internas, como a da “traidora” Majorie Taylor Green e a notável cena dos ficheiros Epstein. Mas avança na conquista da Reserva Federal, que na reunião de dezembro do  Federal Open Market Committee (FOMC) deverá descer de novo a taxa de juro (probabilidade de 75%; há uma semana era menos de 50%).

Trump já assegurou quatro votos no FOMC, só lhe faltando três para ganhar. Um argumento é o mercado de trabalho, onde o desemprego aumentou em setembro 219 mil.

. E também esquece que a taxa de inflação aumentou no mesmo mês para 3%, a mais alta desde janeiro, e há razões para admitir que está baixa por fatores excecionais: o shutdown não deixou de ter efeitos relevantes sobre a procura e Trump está a reverter paulatinamente os aumentos de tarifas que tinha imposto.

Porém, a preocupação está na Europa, nos países grandes.

No Reino Unido saberemos amanhã (à data a que escrevo) o que Starmer e Reeves vão fazer como orçamento, depois dos avanços e recuos: primeiro era aumentar os impostos, que a contestação interna pôs de lado, depois era os cortes na despesa social, entretanto também abandonados. O Orçamento tornou-se uma conta de sumir. Um mês depois de Liz Truss ser primeira-ministra, o “Daily Star” iniciou o live streaming de uma alface, que durou mais que ela; há quem sugira que Reeves vai pelo mesmo caminho.

Em França vamos no quinto primeiro-ministro em dois anos e ninguém consegue aprovar um orçamento. Basta uma coisa tão simples como aumentar a idade da reforma de 62 para 64 anos para virem todos protestar para a rua; Lecornu já só quer um défice abaixo de 5%. Entretanto, a dívida, em 114% do PIB, continua a engordar.

Na Alemanha, Merz desilude pela inação – citando Peter Sellers, é como ter um carro sem motor, não se vai a lado nenhum. A AfD já ganha nas sondagens, 25,8% contra 25,3% da CDU/CSU em média de 7 dias. Se tivesse que escolher uma música dos Beatles, era o “All Toghether Now”. Mas este trio conseguiu uma coisa notável: por comparação, a Itália é agora um país financeiramente disciplinado e governável.