A escolha de Alcochete como a localização para o novo aeroporto de Lisboa, em detrimento da solução do Montijo, defendida desde a primeira hora pelo setor do turismo, continua a não ser pacífica e a dividir o Governo e a ANA Aeroportos de Portugal.
O novo capítulo de uma saga com mais de 50 anos foi conhecido no lado Oriente do planeta, durante o 50º congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que se realiza em Macau, até 4 de dezembro.
O penúltimo dia do evento arrancou com uma conversa entre José Luís Arnaut, chairman da ANA Aeroportos de Portugal, em conversa com Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, sob o tema ‘Um problema por resolver, uma obra por fazer, o caos a acontecer!’.
Foi quando questionado pelos prazos do novo aeroporto que José Luís Arnaut referiu que “foi um erro estratégico” a solução pelo Montijo não ter sido a escolhida pelo Governo, isto apesar do esforço do antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
“Apesar da determinação e vontade de Pedro Nuno Santos, por razões que todos conhecemos, isso não foi cumprido e está a prejudicar a economia nacional”, afirmou, manifestando o desejo de arrancar com Alcochete “o mais depressa possível”, encurtando os prazos possíveis.
José Luís Arnaut adiantou que a ANA vai avançar com o projeto de engenharia e construção. “Está escolhida a empresa norte-americana com mais experiência nesta matéria, apoiada pela engenharia portuguesa. Falamos de um aeroporto que é cinco vezes maior do que o Humberto Delgado, com duas pistas. É preciso criar as acessibilidades porque fica fora da cidade de Lisboa. Vamos ver se conseguimos arrancar antes de 2036”, sublinhou.
Ora quem ouviu o recado sobre o Montijo nas primeiras filas do auditório da unidade hoteleira, onde decorre o congresso, foi o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, que pouco tempo depois transmitiu uma mensagem que não podia ser mais clara e contrária aquela transmitida momentos antes por José Luís Arnaut.
“Temos de acabar com a falácia do Montijo”, afirmou, considerando que falar-se do Montijo com uma solução imediata que ia demorar três anos a construir, era algo que não ia acontecer. “Ia demorar cinco ou seis anos”, salientou.
De resto, o secretário de Estado das Infraestruturas assume que optar pelo Montijo seria cometer um erro, à semelhança do que acontece com a localização do aeroporto Humberto Delgado, dando o exemplo dos dois acidentes aéreos que aconteceram em 2025, em Washington e na Índia, que causaram dezenas de vítimas mortais.
“O atual aeroporto [de Lisboa] é um erro. Ter um aeroporto que atravessa 400 mil habitantes é um risco. Fazer um novo, numa zona que atravessa 200 mil habitantes era cometer um erro em cima de outro”, afirmou Hugo Espírito Santo.
O governante defendeu que nada impede o Governo de acelerar os prazos e estabelece como meta para o arranque do projeto, o ano de 2035, que faz parte de um investimento em infraestruturas para os próximos anos de 60 mil milhões de euros.
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