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Exportações: empresários mantêm meta dos 60% do PIB até 2030

É imperativo que as medidas de apoio à internacionalização sejam acompanhadas de “uma forte estratégia de estímulo ao escalar das empresas, pois a dimensão do nosso tecido empresarial limita a atuação em determinados mercados”.
4 Dezembro 2025, 07h00

Apesar de todos os constrangimentos – nomeadamente as tarifas, as guerras e a ‘deslealdade’ concorrencial da indústria da União Europeia face a outras geografias – os empresários portugueses mantêm como meta atingirem um peso de 60% do PIB nas exportações, até 2030. Mas, face ao contexto, adiantem que alguma coisa tem de ser feita para viabilizar essa meta – que há apenas dois anos parecia estar ‘ao virar da esquina’.

“É necessário que as medidas de apoio à internacionalização sejam acompanhadas de uma forte estratégia de estímulo ao escalar das empresas, pois a dimensão do nosso tecido empresarial limita a atuação em determinados mercados, nomeadamente os de maior dimensão, mais longínquos e não tradicionais, que são também, por vezes, os mais dinâmicos. O redimensionamento empresarial terá também um impacto ao nível da melhoria da produtividade”, refere o presidente do Conselho de Administração da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro, em declarações ao JE.

O mero desenvolvimento das exportações num quadro de multilateralismo já não será suficiente – dado que esse multilateralismo foi ‘dinamitado’ pelas tarifas importas pela administração norte-americana liderada por Donald Trump. Neste quadro, é importante que o tecido empresarial português continue a conquistar quota nos mercados internacionais, “fruto do reconhecimento da elevada qualidade dos seus bens e serviços. Mas, desejavelmente, este importante espírito empreendedor e de vocação exportadora dos nossos empresários deve ser apoiado por políticas públicas adequadas”. O foco, atendendo às condições excecionais que assolam o comércio internacional, “deve estar no reforço da competitividade externa da nossa economia, através de um apoio à diversificação de mercados e ao aumento do valor acrescentado das exportações, elementos-chave na estratégia de internacionalização da economia portuguesa”, refere ainda Luís Miguel Ribeiro.

 

Omissões no OE 2026

A conjuntura internacional bastante adversa apresenta um cenário que deve ser encarado como um sinal de que é urgente reforçar políticas capazes de contrariar esta tendência, por forma a mitigar os impactos negativos do enquadramento internacional e, simultaneamente, a aproveitar as oportunidades que se abrem. “A AEP reconhece a importância dos objetivos anunciados no Orçamento do Estado para 2026 e considera que as intenções do Governo são positivas e com potencial impacto no reforço do peso das exportações no PIB. Contudo, a concretização destes objetivos dependerá da implementação efetiva de medidas, num contexto macroeconómico muito desafiante. Não constando tais medidas da proposta do Orçamento do Estado para 2026, estamos na expectativa de que a aprovação de tais medidas venha a ter lugar em legislação autónoma”.

“Existem muitos riscos – desde o aumento das tarifas aduaneiras à instabilidade geopolítica –, por isso é difícil, nesta fase, identificar qual poderá ter o impacto mais severo sobre a procura externa líquida do país. Contudo, existe um denominador comum a todos estes fatores: a elevada incerteza, que é, hoje, o grande entrave a um maior dinamismo das exportações portuguesas. A falta de previsibilidade quanto às cadeias de abastecimento, à estabilidade dos mercados e às tarifas comerciais internacionais leva muitas empresas a adiar decisões de investimento e de atuação nos mercados externos, o que acaba por limitar o crescimento do peso das exportações no PIB português”.


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