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Médicos de saúde pública rejeitam nova estirpe como justificação única para aumento dos casos de infeção

Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública considera que relaxamento de medidas na época festiva e adoção de comportamentos menos preventivos devido à chegada das vacinas contra o vírus, contribuíram para o aumento de novos casos agora registados.
Flavio Lo Scalzo/Reuters
27 Janeiro 2021, 17h16

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública considera que a nova estirpe não é o único motivo que levou ao agravamento de novos casos de Covid-19 nos últimos meses, argumentando que se trata de uma “situação multifaturial”.

Embora a estirpe do Reino Unido, que tem uma maior transmissibilidade e, segundo dados preliminares, chega a ser 30% mais mortal, possa ter resultado no aumento de novos casos, Ricardo Mexia alerta que “mesmo que se retirassem os 20% que se estimam ser agora” o acumular de pessoas infetadas com a nova variante, “continuamos com uma situação difícil”.

Não é seguramente só a questão da nova estirpe”, frisou durante a audição conjunta na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença Covid-19 e do processo de recuperação económica e social.

Para o representante dos médicos de saúde pública, também a redução das restrições nas épocas festivas e a adoção de comportamentos durante esse período tiveram uma influencia significativa nos números diários reportados pela Direção-Geral de Saúde, no entanto, relembra que os meses de novembro e dezembro foram “períodos complicados” pois foram alturas onde se registaram um pico de novas infeções.

Embora se tenha conseguido reduzir esse valor, Portugal continuou a registar, durante esse período, cerca de três mil novos casos diários. “Um número significativo”, acrescentou, referindo ainda que a notícia da chegada das primeiras vacinas também influenciou o comportamento dos portugueses.

“O impacto, do ponto de vista comunitário, vai demorar largos meses a sentir-se. Houve um relaxamento generalizado por parte de muitos dos cidadãos”, critica.

Outro fator que terá contribuído para o aumento de casos foi a vaga de frio registada no início de dezembro “que contribuiu de forma importante para o agravar da mortalidade não Covid-19”.

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