A Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou na passada semana mais um passo para o movimento New European Bauhaus, um posicionamento que pretende fortalecer as relações entre ciência, tecnologia, arte e cultura.
Uma visão que será o motor para a concretização do Pacto Ecológico Europeu que articula sustentabilidade, inclusão e estética para o aproximar das pessoas que efetivamente o podem implementar. O papel dos arquitetos, artistas, cientistas, engenheiros, matemáticos, físicos, especialistas digitais, em suma de todos nós é basilar para fortalecer o elo entre o mundo científico, cultural e a realidade. Todos estamos a ser chamados a contribuir para o processo inovador da Comissão Europeia de codesenho de soluções transformadoras dos lugares onde vivemos.
Implementar a transição climática e digital através do repensar a Bauhaus, fundada em 1919, na República de Weimar, Alemanha, pelo arquiteto e visionário Walter Gropius, um período marcante da arquitetura e da história da sociedade moderna, é para todos os arquitetos um orgulho e um desafio exigente. Porquê? Por três motivos.
Primeiro, porque a escola de artes e arquitetura tinha como missão devolver à arte uma dimensão social, sempre articulada com o conhecimento da ciência e da tecnologia, e criar cidades adaptadas às necessidades humanas. A Bauhaus simboliza o início da revolução tecnológica humanizada, que partiu da Europa e atravessou oceanos, e que, hoje, queremos habitar.
Segundo, porque a transdisciplinaridade tem que deixar de ser uma palavra usada na academia e passar a ser uma realidade para a construção colaborativa criativa, onde todos trabalham unidos para tornar a visão europeia numa realidade.
Por último, porque a arquitetura tem que adotar princípios de construção que considera os ecossistemas naturais desde o início e, assim, permitir desenhar sustentabilidade e reutilização. Em suma, a tecnosustentabilidade é um dos temas mais difíceis tanto para os criativos, como para as empresas, setores públicos e organizações não governamentais.
A inteligência digital e a inteligência humana associadas a uma forte componente criativa têm as respostas necessárias à altura do desafio. A resposta é cultural, a tecnocultura que está a moldar a economia global e a cultura cotidiana. A democratização da ciência e tecnologia estão a restruturar a nossa sociedade, a sua paisagem cultural e habitat.
A resposta é política, as tecnopolíticas estão a criar novas realidades na comunicação e processamento de dados que não podem ser ignoradas. Isto motiva o desenvolvimento de novas tecnologias de mediação em contexto real quotidiano de mudanças no estilo de vida, no trabalho e no lazer. A resposta é social, o idealismo das atividades que abrangem e unem arte, ciência e tecnologia, e que influenciam a educação, a investigação, a comunidade, permitem construir solidamente o edifício humano.
Todavia, é essencial sublinhar que a visão de um Bauhaus digital verde nunca pode crescer forte se estiver isolada num canto da Europa. Tem, inevitavelmente, de se desenvolver no diálogo intercultural e internacional.
Termino com as últimas palavras do primeiro Manifesto da Bauhaus: Hoje, não podemos fazer mais do que ponderar o plano total, lançar as bases e preparar as pedras para a sua construção. Mas nós existimos! Temos vontade! Estamos a produzir!
Criativos da Bauhaus digital verde, uni-vos. O nosso contributo é decisivo!