Resiliência, humildade para pedir ajuda e aceitá-la mesmo sem ter sido pedida e amor ao projeto. Estes são os ingredientes que, para os rostos por trás do concurso de empreendedorismo Montepio Acredita Portugal, são fundamentais para um empreendedor fazer com que a sua empresa saia finalmente do papel. As sete startups Pata D’Açúcar, Safy, Alfredo, Scubic, Escola.Cinema.Ação!, IRcycle – Custom Handmade Sneakers e e-Rehab souberam tirar partido dessas valências e conquistaram tanto a associação como o banco, que há nove anos se juntam para dar ímpeto e pequenos negócios.
Para o diretor da área de Economia Social e Setor Público do Banco Montepio, esta competição, cuja nona edição terminou agora, é uma aposta ganha – o que faz prever um décimo aniversário da iniciativa. “Excedeu as expectativas iniciais. É das parcerias mais bem conseguidas e com mais sucesso que temos no Montepio, uma oportunidade de juntar uma nova categoria, a social, na qual temos iniciativas que vão contribuir para o bem da sociedade, o que nos dá um prazer enorme”, disse Fernando Amaro ao Jornal Económico.
As “sete (startups) maravilhas” da IX edição do Montepio Acredita Portugal, de entre mais de 10 mil candidaturas recebidas, estão agora a receber apoio especializado para entrarem em força no mercado (ver lista abaixo). Entre os prémios está ainda um pacote de serviços com impressão de cartões da 360 Imprimir, vouchers de formação da Flag, apoio jurídico da sociedade de advogados Vieira de Almeida, uma bolsa de horas de contabilidade do Grupo Your e apoio no desenvolvimento de um plano de comunicação pela Say U Consulting, entre outros benefícios.
Fernando Amaro tem sobretudo dois conselhos para os empreendedores: mente aberta e pensamento além-fronteiras. “Às vezes, quando temos a ideia na cabeça ela parece a melhor do mundo, e fechamo-nos de tal maneira e não estamos disponíveis para ouvir aquilo que outros com experiência no mercado digam «não vás por aí, vai por aqui». Os empreendedores com mais sucesso são aqueles que estão abertos a ouvir a adaptar-se, e sobretudo sabem que o mercado não é só Portugal. Têm de ter uma ideia abrangente”, sugere.
A seu ver, a falta de investimento em série B ou C em Portugal está a mudar, e o interesse dos investidores de capital de risco em aplicar montantes superiores também é maior. “O problema é quantidade e qualidade de projetos que chegam a esses estágios. Se calhar em Portugal ainda se contam pelos dedos. Daí tentarmos inundar o mercado com mais projetos, porque algum deles haverá de chegar lá. É a nossa esperança”, afirma.
Em relação aos constrangimentos que as startups com missões sociais têm, o responsável do Montepio aponta a consistência de um modelo de negócio, que seja escalável. Daí Fernando Amaro achar que, para contrariar estes obstáculos, seja necessária uma capacidade extra de ouvirem os mentores, de se adaptarem e de procurarem conhecer o mercado. E ter o azeite e o vinagre do empreendedorismo: sorte e persistência.
É aí que entra também a associação Acredita Portugal, que apoia quem tiver uma ideia de negócio a conseguir estruturá-la até estar pronta para ter as primeiras vendas e entrar no mercado. “Agora estamos a fazer o passo a seguir a esse e garantir os primeiros meses de incubação. Passámos a ter um espaço físico onde os podemos receber e trabalhar em conjunto”, explicou o diretor de Inovação Acredita Portugal ao Jornal Económico, à margem da gala no Centro de Congressos de Lisboa.
O recém-inaugurado espaço Acredita Incubação consegue apoiar até 70-80 empreendedores em Gaia. Neste momento, há cerca de uma dezena de projetos aprovados em áreas tão distintas quanto agrotech, fotografia ou impacto social. “Estamos a ajudar a Câmara de Gaia a conseguir aproveitar os recursos que já tinha, como edifícios, para tirar proveito deste fluxo de investimento de várias empresas e dos próprios empreendedores locais. É muito importante ter estas duas vertentes: projetos internacionais e locais que querem arrancar com os seus projetos”, assinalou ainda Fernando Fraga.
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