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Paulo Nunes de Almeida: o autor da reconciliação patronal

‘Herdou’ a Associação Empresarial de Portugal (AEP) num momento difícil, tanto financeiramente como em termos de associativismo. Trabalhou para mudar tudo isso, e conseguiu. António Saraiva (CIP) já reagiu.
4 Julho 2019, 13h11

Afável e com tempo para ouvir os que o procuravam, Paulo Nunes de Almeida foi a face mais visível da recuperação da Associação Empresarial de Portugal, depois dos anos duros em que teve de deixar cair vários ativos (o Europarque foi um deles) para salvar o principal.

Desde que assumiu o cargo na associação, que a recuperação financeira foi a sua prioridade. Esta praticamente terminada: a AEP voltou a estar focada no seu objetivo de sempre – a promoção da internacionalização e do desenvolvimento das empresas – e resolveu uma parte substancial do passivo que lhe ensombrou as contas ao longo de vários anos.

Por outro lado, Paulo Nunes de Almeida nunca esteve disponível para manter a antiga luta entre as organizações associativas patronais do norte e do sul – que marcou o seu relacionamento durante várias décadas e ofuscava uma defesa sensata dos interesses que ali estavam integrados.

Com Nunes de Almeida, a intervenção da AEP focou-se exatamente no contrário: o trabalho paralelo e complementar entre todas as associações patronais. Isso mesmo ficou bem exposto no aniversário dos 170 anos da AEP, onde esteve presente Jorge Rocha de Matos – que corporizou, enquanto presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP) alguns dos momentos mais duros do embate entre as associações patronais.

Paulo Nunes de Almeida era desde 2014 o 30º presidente da AEP, depois de ter exercitado seis anos como vice-presidente na anterior direção, liderada por José António Barros. Foi o primeiro presidente da ATP-Associação Têxtil de Portugal, na altura em que a associação foi criada como resultado de uma fusão associativa.

Assumiu cargos dirigentes na CIP-Confederação Empresarial de Portugal e Associação Comercial do Porto. Na Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE) foi um dos promotores do Portugal Fashion, tendo sido incontornável no sucesso que a partir daí haveria de ser o percurso daquela iniciativa. Enquanto dirigente associativo na ANJE, foi vice-presidente (1986-1996) e presidente da Mesa da Assembleia Geral (1996-2002).

Era ainda presidente do Conselho Fiscal do FC Porto e da SAD do clube.

Licenciado em Economia pela Universidade do Porto, Paulo Nunes de Almeida iniciou a sua vida profissional no Banco Português do Atlântico (1982-1984), mas cedo preferiu o empreendedorismo: passou a dedicar-se à atividade empresarial em vários setores mas com especial notabilidade no setor têxtil e de vestuário. A TRL – Têxteis em Rede, foi uma das suas principais empresas.

No aniversário da AEP, em maio passado, recebeu de Marcelo Rebelo de Sousa a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Industrial. Antes já recebera o Prémio Carreira da ANJE 2016, atribuído pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE).

António Saraiva, presidente da CIP, em mensagem de condolências, disse: “a CIP, a AEP, o Movimento Associativo e a Sociedade Portuguesa ficaram hoje substancialmente mais pobres. Paulo Nunes de Almeida foi um dirigente como poucos. Tive o privilégio de a seu lado testemunhar uma profunda paixão e dedicação às organizações que dirigia, honrando e dignificando com entrega e devoção a luta pela edificação do associativismo empresarial”.

“Paulo Nunes de Almeida era um homem de causas.  Um amigo tão característico como a essência da cidade do Porto que tanto amava: sempre invencível, sempre leal, sempre sincero. Enquanto tivermos memória, ele será para sempre lembrado como uma referência maior do associativismo empresarial.  Ele fez tudo a bem de Portugal”, concluiu.

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