Tem sido percetível um degradar da confiança dos agentes económicos. A segunda vaga da pandemia traz consigo um novo stress-test às empresas, aos governos e, no fundo, a todos nós. A grande diferença face ao período de março/abril é que, apesar da perspetiva da vacina, há mais cansaço e legítimas preocupações quanto à resiliência da economia.

Um dos pilares de socorro à crise foi a resposta monetária, quer através de moratórias, quer gerando liquidez e incentivando os bancos a emprestar mais. O que se tem visto nos últimos meses é um apertar de condições de acesso ao crédito, o que se comprova pelas sondagens efetuadas pelo BCE, pela evolução do crédito na zona euro, e, porque não dizê-lo, pelos relatos de várias empresas acerca da sua relação atual com a banca.

Os bancos estão preocupados com a solvência das empresas por dois motivos. Desde logo porque muitas empresas que tiveram a capacidade de absorver o primeiro choque podem não conseguir resistir a uma nova quebra da atividade – estudos recentes falam na possibilidade de o malparado da banca europeia poder aumentar em 40%.

Por outro lado, há dúvidas sobre a capacidade de os países continuarem a implementar estímulos fiscais. O acumular de dívida pública ao ritmo atual é insustentável e levará certamente a problemas no longo prazo. A Alemanha já “avisou” que o princípio de finanças sólidas não é uma matéria negociável.

Os mercados têm estado inebriados com a liquidez abundante, mas já vão surgindo sinais de “fim de ciclo” e de preocupação. Esta segunda vaga da pandemia poderá muito bem ter um paralelo na economia… e nos mercados.