Mais de três quartos do valor de investimento de 300 milhões de euros previsto para o ‘Ocean Campus’, projeto de reconversão da zona ribeirinha entre Pedrouços (Lisboa) e a Cruz Quebrada (Oeiras) será exclusivamente assegurado por privados, de acordo com o documento referente ao plano estratégico deste empreendimentos, a que o Jornal Económico teve acesso.
Além de 73% desse montante dever ir ser assegurado por investidores privados, mais 25% (76 milhões de euros) deverão ser da responsabilidade de investidores públicos e privados. De acordo com o referido documento, apenas 2% deste montante de investimento ficará exclusivamente a cargo de entidades públicas.
Segundo o plano estratégico deste empreendimento, que será hoje, dia 22 de julho, apresentado pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, o ‘Ocean Campus’ terá uma área de intervenção de 64 hectares.
“‘O Ocean Campus Portugal’ é um projeto-âncora para a requalificação de um vasto território, de Pedrouços (Lisboa) à Cruz Quebrada (Oeiras) num ecossistema de excelência em I&D [Investigação & Desenvolvimento], juntando investigadores, empreendedores, empresas de referência, académicos e profissionais na área do mar”, destaca um documento do Ministério do Mar, a que o Jornal Económico teve acesso.
De acordo com esse documento, o ‘Ocean Campus’ “concretiza um objetivo estratégico do governo de criação de um espaço de excelência no contexto internacional no que respeita às ciências marítimas e marinhas e à ‘economia azul’, potenciando um ‘cluster’ de desenvolvimento associado ao mar, através de uma rede de unidades de investigação, ensino e desenvolvimento tecnológico, cujo objeto principal será gerar inovação e investigação qualificada e fornecer aos serviços que aqui se instalem as melhores condições para competir no mercado global”.
Dos 300 milhões de euros de investimentos previstos, 145 milhões (48% do total) serão destinados à área já existente, para construção e reabilitação (114 milhões de euros) e para a futura marina de Pedrouços (31 milhões de euros).
Para a área de construção nova, estão previstos 155 milhões de euros (52% do total): 125 milhões de euros para construções novas e 30 milhões de euros para a futura marina do Jamor.
Com as novas infraestruturas previstas para o ‘Ocean Campus’, estão previstas receitas anuais de cerca de 6,8 milhões de euros.
Este investimento será aplicado em três fases: 118 milhões de euros (1ª fase), 152 milhões de euros (2ª fase) e 30 milhões de euros (3ª fase).
Além das referidas marinas de Pedrouços e do Jamor, está previsto um hotel (privado), espaços de restauração (privados), residências temporárias para investigadores e de funcionários de centros de investigação, os laboratórios do IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, espaços para empresas incluindo ‘startups’, diversos edifícios (balcão único de serviços, edifício multifuncional – ‘ocean lab’, centros de investigação), e ‘Blue Business School’.
O lançamento do processo de avaliação ambiental estratégica do ‘Ocean Campus’ foi lançado a 5 de junho passado.
A conclusão da primeira fase do ‘Ocean Campus’ e da marina do Jamor está prevista para o final de 2022. As outras duas fases devem concretizar-se, respetivamente, até ao final de 2026 e de 2030.
De acordo com o documento do Ministério do Mar, a que o Jornal Económico teve acesso, “o ‘Ocean Campus’ é um projeto inovador que fomenta o empreendedorismo, reforçando o posicionamento de Portugal como uma referência internacional nos domínios da ciência, da I&D e da tecnologia, potenciando a ‘economia azul'”.
Entre os objetivos elencados estão “criar um ‘campus’ de I&D internacional de atividades ligadas ao mar, recuperando um espaço de forte memória portuária, criando condições logísticas para o desenvolvimento da economia nacional, potenciando a ‘economia azul'”, assim como “agregar, sob a temática do mar, vários organismos, serviços e instituições públicas, pólos universitários, laboratórios de investigação, unidades-âncora para desenvolvimento de novos modelos de relacionamento; [uma] zona-embrião de desenvolvimento de ‘startups’, salas de reuniões, auditório e zona de exposições, alojamentos temporários para investigadores e postos de atracação de navios de investigação”.
“Com uma abrangência de mais de 60 hectares no limiar da malha urbana de Lisboa e Oeiras e na linha de água da foz do Tejo, para além de toda a requalificação desta zona, aposta-se na reabilitação da doca de Pedrouços e dos armazéns da Docapesca”, adianta o referido documento, além de pretender “criar uma rede de excelência de unidades de investigação, ensino e desenvolvimento tecnológico, gerando inovação e investigação qualificada, potenciando o ‘conhecimento e ‘economia azuis'”
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