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Iberdrola rescinde com consórcio e abre concurso para barragem do Alto Tâmega

“O contrato com o empreiteiro principal civil – Mota-Engil, Acciona e Edivisa – foi rescindido, mas as obras estão ativas”, afirmou à agência Lusa David Rivera, diretor de projeto do Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), que inclui a construção das barragens do Alto Tâmega, Daivões e Gouvães.
25 Setembro 2019, 16h27

A Iberdrola disse hoje que abriu concurso para a conclusão da central e barragem do Alto Tâmega, após rescisão com o consórcio liderado pela Mota-Engil, um processo que deverá estar concluído durante o primeiro trimestre de 2020.

“O contrato com o empreiteiro principal civil – Mota-Engil, Acciona e Edivisa – foi rescindido, mas as obras estão ativas”, afirmou à agência Lusa David Rivera, diretor de projeto do Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), que inclui a construção das barragens do Alto Tâmega, Daivões e Gouvães.

O responsável, que falava no final de uma reunião da comissão de acompanhamento do SET, fez um ponto de situação sobre a barragem do Alto Tâmega e referiu que as obras “estão ativas” e que, neste momento, decorrem trabalhos de “limpeza e remoção do material que caiu na derrocada”, que ocorreu no local.

As primeiras notícias sobre a paragem nas obras na barragem do Alto Tâmega foram divulgadas pela imprensa em junho e apontavam para a existência de “um problema geotécnico” e uma “suspensão temporária” dos trabalhos.

Hoje, David Rivera disse que a suspensão dos “trabalhos teve origem na deteção de um movimento da encosta direita acima da futura central hidroelétrica”.

Como medida de precaução, a Iberdrola, segundo o diretor de projeto, resolveu suspender a obra e “fez todos os trabalhos de monitorização e de estudo do que estava lá a acontecer”.

“Perante esta situação foram feitos todos os ajustes precisos no projeto, mas essencialmente o projeto não vai sofrer alterações. Haverá alguma alteração que já foi submetida às autoridades e que será avaliada por eles e aprovada”, salientou.

David Rivera sublinhou que a elétrica espanhola quer “cumprir os prazos que tem comprometidos com o Estado português” e, perante esta situação, considerou que a “maneira mais rápida de acabar o aproveitamento” era a rescisão. O prazo para a conclusão da obra é junho de 2023.

“Perante o desentendimento que já tínhamos previamente com o empreiteiro, consideramos que o mais rápido é rescindir o contrato e já começamos o processo de licitação para continuar os trabalhos”, salientou.

David Rivera adiantou que o concurso para a construção da barragem e da central “já está lançado” e disse que a escolha do “novo empreiteiro” deverá estar concluída até ao final do primeiro trimestre de 2020.

O jornal Público de hoje refere que este conflito já chegou a tribunal, com o consórcio que é composto pela Mota-Engil, Acciona e Edivisa a interpor uma providência cautelar contra a Iberdrola.

David Rivera referiu que a empresa já foi notificada e está “a avaliar”.

“É uma queixa jurídica e tem que ser estudada com pormenor”, sustentou.

A agência Lusa tentou obter esclarecimentos junto da empresa Mota–Engil que disse não comentar o assunto.

Em Parada de Monteiros, a aldeia de Vila Pouca de Aguiar que fica mais próxima do local onde está a ser construído o paredão da barragem, praticamente não se deteta movimento relacionado com o empreendimento.

“Agora não, como está nesta fase que parou, tem sido muito pouco”, afirmou Filipe Dias, habitante desta localidade.

Junto à aldeia foi construída uma estrada de acesso ao empreendimento para desviar o trânsito do centro da localidade. Numa primeira fase, ainda se viam trabalhadores por ali, mas depois da construção das cantinas na zona de obra, o movimento diminuiu e, agora, é praticamente nulo.

“Acho que esta paragem é apenas um percalço, porque da maneira como a obra já está tem que andar para a frente, seja de que maneira for”, referiu Filipe Dias.

O Sistema Eletroprodutor do Tâmega é um dos maiores projetos hidroelétricos na Europa, nos últimos 25 anos, contemplando a construção de três barragens (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) e um investimento de 1.500 milhões de euros.

O complexo contará com uma potência instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país.

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