O ambiente está na ordem do dia e nas bocas do mundo. Não por causa de uma rapariga sueca de 16 anos, mas porque se reclama como urgente. As alterações climáticas tantas vezes negadas tornam-se uma evidência científica visível, que as lideranças políticas mundiais têm inevitavelmente de enfrentar.

Sucedem-se os alertas e soam as trompetas de alarme. Sentimos os resultados do aumento da temperatura e enquanto uns assistem a efeitos devastadores de tempestades, outros enfrentam as suas consequências.

A intervenção neste domínio reconduz-se sempre às mesmas questões. Os governos assumindo a urgência de iniciativa, elaboram projetos, mas não tomam decisões. E assim, assistimos à falta de prioridade, pouca ação real e dúvidas sobre as medidas para reverter em pouco tempo o que levou anos a entender e interiorizar.

Os alertas sobre o futuro do planeta têm mais de meio século. Inicialmente com impulso de idealistas, ativistas e voluntaristas, e numa fase seguinte de forma mais efetiva, com contornos económicos, mas com projeção politica muito intermitente.

Este combate não tem ideologia ou cor partidária. Por mais que alguns partidos se reclamam de verdes ou defensores da natureza, não têm mais legitimidade nem capacidade para defender o espaço público, que nem é de esquerda nem de direita.

A generosidade e o idealismo dos jovens em termos mundiais tem sido a corrente que eletrifica a discussão. Deles parte o apelo que incendeia as atenções e ensaia reavivar as esperanças que a Cimeira de Paris fez acreditar.

Uma maioria cada vez menos silenciosa acredita que é necessário assumir a ação neste domínio como relevante. E esta matéria exige consenso nacional e internacional num combate intergeracional tão relevante como os sistemas de previdência, mas que se apresenta com menor impacto na vontade popular.

Os programas partidários não são muito distintos, exceto aqueles que fazem da demagogia e do marketing o seu padrão de comportamento. A questão não é de propostas, mas de prioridade. Todos defenderão a redução das emissões de dióxido de carbono, a limitação do uso dos combustíveis fósseis ou que se opte preferentemente por energias renováveis.

As ações concretas não se medem por decisões ridicularizadas de corte no consumo de carne de vaca, sabendo que qualquer medida exequível exige aceitação social e económica para ter consequência crítica junto das populações, dimensão fundamental para que a intervenção assuma prioridade politica.

As ações à escala mundial servem para atrair atenções, mas não chegam. Não é com gritos ou manifestações que se trava este combate. Não é por criar novos mártires ou heroínas, a quem se dedicam de imediato um Prémio Nobel, que se eleva a necessidade à condição de frente de batalha.

É com determinação, convicção e vontade politica. A mesma vontade que manifestam no dia seguinte a um tornado, uma inundação, e à contagem infindável de mortos e desaparecidos. O que queremos contar são as medidas efetivas, porque não há políticas “B”. Só decisões de classe executiva. O próximo programa de governo não tem de ser verde, mas tem de ser global, pois não há limites para soberania da sobrevivência.

A Política de Ambiente tem de ser arrojada, inovadora e criativa. O ambiente não é uma causa mas uma exigência. Tem de ganhar influenciadores, seguidores e participantes. Não precisa de militantes. O planeta precisa de todos nós.