“É um tema transversal e que nos afeta a todos”, afirmou Carlos Borrego. “Como engenheiros, temos um papel importante em desenhar soluções para combater o aquecimento global”, alerta o antigo ministro do Ambiente e Recursos Naturais e professor catedrático da Universidade de Aveiro.
A intervenção decorreu durante o plenário sobre a Gestão da Construção Ambiental, um dos palcos do Civil Engineering Summit 2019 que decorre até dia 28 no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa. Borrego, juntamente com Włodzimierz Szymczak, antigo presidente do Conselho Europeu de Engenheiros Civis, analisaram as causas e consequências do aquecimento global, e listaram, enquanto engenheiros civis, um conjunto de soluções que vão em linha com documentos e acordos ambientais. “Os consumidores, os materiais que usamos e as energias devem ser as principais soluções no combate às alterações climáticas”, continuou.
Os dois engenheiros alertaram para a necessidade de agir e a urgência em fazê-lo. No universo da engenharia, as soluções remetem não para os materiais que são utilizados, mas sim como lhes são dado uso. Deste modo, o papel da economia circular ganha força. De acordo com o orador português, “40% da energia do espaço europeu é utilizada em prédios”, um valor superior à energia utilizada nos transportes e indústria, 32% e 28%, respectivamente. “Em Portugal, 73% dos materiais extraídos são usados na construção de prédios e isso deve ser mudado”.
Assim, Carlos Borrego, num discurso feito em inglês, sublinha a importância em adotar medidas com base numa economia circular. “Tudo deve permanecer na economia”, vinca. “E quando chegar a altura de reconstruir edifícios, anos depois, devemos ser capazes de antecipar como será esse processo de modo a que esses materiais possam ser reutilizados”. Um exemplo disso é a TailoredTile: uma startup portuguesa que faz azulejos a partir de plástico recuperado e que podem ser transformados várias vezes, através de um processo de trituração e injecção.
Para além de adotar políticas de reutilização de materiais, é necessário tornar os edifícios mais resistentes. Como? Através de uma regeneração urbana. “Esta deve ser feita com base em soluções naturais, ou seja, soluções que tragam mais benefícios para o meio ambiente”, esclareceu.
A Universidade de Aveiro desenhou um modelo que visa fazer a restauração destes edifícios de modo a torná-los mais verdes e resume-se em criar mais áreas com vegetação, como por exemplo, telhados com cobertura verde. De acordo com o engenheiro, o Remet-UA é um modelo que pode ajudar a arrefecer os edifícios até 0,2 graus Celsius, e por sua vez, o planeta.
Porém, Carlos Borrego coloca as pessoas na linha da frente para o combate às alterações climáticas. “A solução está em nós”, apelou. “Nós, enquanto consumidores, temos de ser capazes de escolher o que devemos e não devemos comprar. Desde o artigo mais caro, ao mais barato. Devemos ser consumidores com uma consciência ecológica”, rematou.
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