Inovar na forma como as pessoas podem aceder à tecnologia é a primeira forma de aproximação ‘geográfica’ – que consegue ‘comer’ quilómetros que de outra forma sobrevivem e são pasto para injustiças e desequilíbrios. De algum modo, esta foi uma das notas centrais do painel ‘O valor da inovação no interior’, realizado no âmbito do seminário ‘Inovação como estímulo para o desenvolvimento da Região Centro’, terceira conferência do Ciclo Portugal Inteiro, organizada pelo Jornal Económico e pela Altice.
O painel teve a presença de Luís Figueiredo, da MagicKey, de Rui Pereira, da MestreClique, de Tiago Santos, da Muvu Technologies e Carlos Carreto, da Robô Bombeiro, com a moderação de Pedro Pinto.
“Enquanto empresa com sede na Guarda, firmamos a nossa presença na inovação, produzindo soft ware de elevada qualidade” ‘despoletado’ pela ligação entre a universidade e as empresas, referiu Rui Pereira – que já foi docente do Politécnico da Guarda.
De algum modo, esta é a solução – ou uma delas – para interioridade: as estradas informáticas conseguem ultrapassar a ‘não presença’. Mas Rui Pereira recordou que o facto de a sua empresa estar na Guarda “parece obrigar a que tenhamos que provar mais que outros”, o que, na sua ótica, não faz qualquer sentido.
Tiago Santos, que trabalha na área da Inteligência Artificial, disse que “não sou do interior, sou português, sou europeu” para confirmar que o conceito se vai desvanecendo. “Existem outros desafios do ponto de vista do mercado, mas isso vai com certeza mudar”, “vai ser possível o interior ter um papel a dizer na inovação através das estradas tecnológicas”, afirmou, para concluir que “a Muvu é uma empresa do mundo”.
Carlos Carreto recordou outra área fundamental da inovação: a forma de transmissão do conhecimento. Especificamente na área da robótica, disse, essa via é uma evidência – por vezes a muito custo.
Por outro lado, o interior obriga à resiliência: “o desafio é ficar”, concordaram todos. Mas há custos: é mais difícil fazer chegar uma boa ideia ao lugar certo se esta partir do interior. E ficar obriga a atrair pessoas e investimento: “não devemos focar só esse ponto, acima de tudo o interior tem outras dificuldades, como Lisboa também tem: em Lisboa é difícil reter, na Guarda é difícil angariar”, disse Tiago Santos. “Reter talento depois de o formar é a chave”, referiu.
Mas, disse ainda, “a comunicação é a diferença”: há instituições que sabem comunicar e outras não”. Para Carlos Carreto, “o estudante quer sempre ficar numa boa empresa, se houver essa oportunidade na região, a perceção é que o aluno fica”.
Para Luís Figueiredo é preciso “haver essa continuidade: dar condições aos alunos para desenvolverem uma ideia” – nomeadamente numa lógica de parceria com as empresas, de que a Altice é um exemplo.
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