O mercado das alternativas ao consumo da carne está em constante crescimento e os chineses ocupam o primeiro lugar dos principais produtores de carne à base de vegetais. Porém, de acordo com os dados da consultora Fitch, este crescimento poderá chegar a níveis desproporcionais pois a oferta existente não é suficiente para responder aos níveis da procura.
Um dos motivos principais do boom neste mercado, para além da procura por uma alimentação mais sustentável, é a peste suína africana que assola o país. De acordo com a Organização para Alimentação e Agricultura da ONU, esta gripe é altamente contagiosa e fatal, tendo contribuindo para o abate de 1,17 milhões de porcos na China e uma desaceleração nas vendas deste produto. A China é um dos maiores consumidores de carne suína do mundo, tendo sido também o maior produtor do mundo em 2018, segundo a empresa de dados Statista.
À medida que mais porcos são abatidos, pode vir a ser necessário que o Governo chinês faça mais importações de carne de modo a responder à procura dos consumidores, afirmou o relatório da Fitch. Ou, como alternativa, “novas opções podem ser investigadas e incentivadas” de modo a aumentar o fornecimento de carne no país, segundo o relatório. A carne fabricada, ou à base de plantas, é uma opção.
Em 2018, a indústria chinesa de carne à base de vegetais valia 910 milhões de dólares (831,8 milhões de euros), um aumento de 14,2% em relação ao ano anterior, de acordo com um relatório do Good Food Institute. Em comparação, nos EUA – o segundo maior consumidor mundial de carne vermelha- o mercado situou-se 684 milhões de dólares (625 milhões de euros) naquele ano – um aumento de 23% em relação ao ano anterior.
De certa forma, a peste suína africana pode vir a ser “positiva” para a indústria chinesa de carne alternativa, conclui a Fitch. A doença mortal pode ter levado a uma queda de 20 milhões de toneladas no mercado suíno da China. Com essa diminuição, os consumidores podem recorrer à “carne falsa” como alternativa.
Cozinha chinesa e preocupações ambientais
Outro fator por trás da tendência da carne falsa é a culinária chinesa, segundo a consultora. Isso ocorre porque as carnes simuladas à base de plantas, feitas de tofu ou seitan à base de trigo, já são tradicionalmente usadas em pratos chineses. De fato, alguns dizem que os chineses começaram a comer carne alternativa desde a Dinastia Tang, há mais de mil anos atrás.
Preocupações ambientais, éticas e de saúde também podem estar por trás da crescente procura por “carne falsa” na China, observou o relatório da Fitch.
Os millennials e semivegetarianos chineses – ou pessoas que reduzem o consumo de carne por razões de saúde ou ambientais – podem abrir caminho para alternativas de carne. Apesar dessa tendência, pode demorar um pouco até que o consumo de carne falsificada na China se torne absoluto.
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