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Economia britânica deverá contrair 4% este trimestre, diz o Banco de Inglaterra

Em relação à possibilidade de uma taxa de juro negativa, o banco central liderado por Andrew Bailey não quis sinalizar a intenção de usar essa opção, mas pediu à entidade de regulação para trabalhar com os bancos para que estes estejam prontos, em termos de sistemas e processos, com um aviso de seis meses.
Toby Melville / Reuters
4 Fevereiro 2021, 13h14

O “reforço material” das medidas de confinamento para conter a pandemia de Covid-19 deverá provocar uma contração de 4% na economia britânica este trimestre, antes de recuperar com o benefício do programa de vacinação e das medidas de estímulos já implementadas, afirmou esta quinta-feira o Banco de Inglaterra, depois de uma reunião de política monetária.

O Comité de Política Monetária (CPM) decidiu, de forma unânime, manter inalterdada a taxa de juro diretora em 0,1% e o objetivo do plano de compra de ativos num total de 895 mil milhões de libras, referiu o banco central, em comunicado.

“No Reino Unido, as restrições foram substancialmente reforçadas para ajudar a conter a disseminação de casos resultantes de uma nova variante  da Covid, e são muito mais rígidas do que o assumido no relatório de novembro. Como resultado, o PIB do Reino Unido deverá cair no primeiro trimestre de 2021, e deve ser mais fraco do que o projetado há três meses,

“Considerando a extensão das restrições e as evidências iniciais de seus efeitos em conjunto, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido deverá cair cerca de 4% no primeiro trimestre, para cerca de 12% abaixo do nível do quarto trimestre de 2019”, adiantou.

O Banco de Inglaterra sublinhou que prevê que o PIB recupere rapidamente em direção aos níveis pré-Covid ao longo de 2021, presumindo que o programa de vacinação leve a um alívio das restrições. A atividade projetada também é apoiada pelas substanciais ações de política fiscal e monetária já anunciadas.

Em relação à questão de colocar a taxa de juro em terreno negativo pela primeira vez, uma possiblidade levantada em agosto, quando o governador Andrew Bailey disse que esta opção estava “na caixa de ferramentas”, o banco central esta quinta-feira forneceu detalhes sobre as discussões que teve com o setor financeiro.

Explicou que o CPM foi informado das conclusões dessas discussões entre a Prudential Regulation Authority (PRA) e os bancos sobre considerações operacionais em relação à possibilidade de um taxa de juro abaixo de 0%.

“As discussões indicaram, que a implementação de uma taxa bancária negativa num período de tempo menor que seis meses atrairia maiores riscos operacionais”, explicou, adiantando que a maioria dos players no setor teria de faazer alterações aos sistemas e processos.

“Embora o CPM tenha sido claro que não deseja enviar qualquer sinal de que pretendia definir uma taxa negativa em algum momento no futuro, no geral, concluiu que seria apropriado iniciar os preparativos para fornecer a capacidade de fazê-lo, se necessário, no futuro”, vincou.

O CPM decidiu, portanto, pedir à PRA para coordenar com as empresas regulada para garantir que comecem os preparativos a fim de estarem pronta para implementar uma taxa negativa a qualquer momento com um aviso de seis meses.

Segundos analistas do ING, a decisão do Banco da Inglaterra mantém a porta aberta, “mas as previsões otimistas de crescimento sugerem que uma incursão em taxas abaixo de zero é cada vez mais improvável no ciclo atual”.

“A ata da reunião contém nada menos que sete referências ao fato de que o CPM não quer que interpretemos isso [o pedido à PRA]  como um sinal de que as taxas negativas podem estar a caminho. Para nós, isso deixa bem claro que – do jeito que as coisas estão – é improvável que taxas negativas sejam usadas neste ciclo”, concluiu.

https://jornaleconomico.pt/noticias/banco-de-inglaterra-nao-deve-precisar-de-taxas-negativas-mas-nao-fecha-a-porta-697165

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