Talvez pense na África das guerras civis, ditadores, violência e todo o tipo de carências. No continente de há 20 ou 30 anos.
Ou talvez seja um otimista e pense em CEO com fatos lustrosos, a sair de aviões a jato em modernos aeroportos em Maputo, Nairobi ou Lagos, apressados para fechar transações com fundos de investimento europeus ou chineses. No fundo, na narrativa do “Africa Rising”, já caída nalgum descrédito.
Em ambos os casos, tem razão. África é tudo isso. E muito mais.
E está a mudar a uma velocidade impressionante.
É um continente diverso, com países em situações díspares. Alguns, claramente a tornarem-se economias competitivas. Veja-se o caso de Cabo Verde – focado na economia digital, conforme destacamos nesta primeira edição de África Capital. Ou o de Moçambique, com previsões de crescimento económico estonteantes, graças ao gás natural, mas com imensos desafios económicos e políticos, além de dívidas gigantescas para gerir, conforme abordamos também nesta edição.
E porque olhar para a África como um todo? Entre tantas razões, porque, se tudo correr como previsto, a futura Zona de Livre Comércio Continental, um mercado único de bens e serviços, terá em 2030 nada mais, nada menos do que 1,7 mil milhões de pessoas. É com olhos neste mercado potencial que centenas de empresas estão hoje a abordar o continente.
E o que lhe podemos prometer com este novo suplemento do Jornal Económico? Um renovado olhar para a África – para os países lusófonos, mas também para além destes. Uma visão abrangente – não apenas focada nos problemas, mas também nas soluções que vão sendo encontradas. E os olhos postos no futuro – porque é cada vez mais claro que, para a economia global, África será, cada vez mais, um ponto central. Um ponto Capital.
Artigo publicado no primeiro número do suplemento mensal “África Capital”, de 25 de outubro de 2019.