Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, revelou esta sexta-feira, que no primeiro período, que decorreu entre setembro e dezembro, houve 2.933 estabelecimentos de ensino e educação públicos do continente com casos de Covid-19. Este números dizem respeito a jardins de infância, escolas básicas e secundárias e foi arrancado a ferros.
“Foi necessário recorrer aos tribunais para conseguirmos uma informação que nunca deveria ter sido escondida. Refiro-me ao número de escolas com casos de Covid-19 no primeiro período letivo”, afirmou Mário Nogueira, secretário-geral da maior federação de professores do país, afeta à CGTP, numa conferência de imprensa digital, acrescentando: “São 2.933 as escolas que constam na lista que, através do Tribunal, conseguimos que o Ministério da Educação nos enviasse”.
O número fica muito acima das 926 escolas que a Fenprof tinha identificado e sobe consideravelmente se a ele acrescentarmos outros estabelecimentos de ensino mapeados pela Fenprof com casos de infeção: 49 estabelecimentos privados, 20 instituições de ensino superior, 51 escolas na Região Autónoma da Madeira e 25 na Região Autónoma dos Açores.
Mário Nogueira apresenta o resultado da conta de somar, embora admitindo que os números pequem por defeito: “podemos, para já, concluir que no nosso país, durante o primeiro período houve casos de Covid-19 em 3.078 estabelecimentos de ensino e educação”.
Estes números – salienta – “vêm desmentir as afirmações dos governantes que se limitaram a repetir durante o primeiro período que as escolas não eram espaços de infeção e que esconderam os números para que parecesse verdade aquilo que diziam”.
Esconderam os números e não só, acrescenta. “Nunca aceitaram ao longo daqueles meses rastreios como a Fenprof sempre foi exigindo para que se percebesse a situação epidemiológica nas escolas, preferindo culpar os portugueses e o Natal pela situação a que o país chegou”.
Contas feitas, acusa Mário Nogueira, foi “uma irresponsabilidade do Governo e das autoridades de saúde pública não terem dado ouvidos às preocupações dos professores” e não terem realizado rastreios nas escolas e principalmente testes quando eram identificados casos para saber se estava a haver contágios entre os contactos próximos. Também acusa o facto de não se terem constituído pequenos grupos de alunos, de não ter sido observado o distanciamento em sala de aula, da limpeza e desinfeção nas salas não ter sido reforçada por falta de assistentes operacionais, entre muitas outras coisas.
O que lá vai, diz, deve obrigar o Governo a preparar de “forma diferente, de forma responsável” o que lá vem, que é o retorno ao ensino presencial, quando ele for possível ainda durante a pandemia. Tudo deverá ser feito para assegurar que esse retorno não esteja na origem do aumento dos casos e sobretudo que “não seja a reabertura das escolas a origem de uma eventual quarta vaga. “Quando as escolas abrirem que se tenha aprendido com o passado para fazer diferente no futuro”, afirma.
As aulas regressam na próxima segunda-feira, 8 de fevereiro na forma de ensino a distância para todos os níveis, 15 dias depois do encerramento das escolas.
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