O anúncio noticiado esta semana do lançamento do Facebook Pay veio recordar-nos, mais uma vez, a velocidade com que vivemos as transformações do universo digital e o enorme impacto que podem ter no nosso dia a dia.
Filmes como o primeiro “Blade Runner”, ou o segundo “Back to the Future II”, visionaram o que seria este ano de 2019, incluindo nos seus argumentos múltiplas inovações na altura consideradas bastante arrojadas. Algumas delas, como os carros voadores, são ainda inexistentes. Outras, como as videochamadas por exemplo, perfeitamente naturais. Mas aquilo que os argumentistas nunca imaginaram foi o tremendo avanço que em poucos anos existiria no que diz respeito aos meios de pagamento.
O Facebook Pay, que de início apenas funcionará nos EUA, mas que em breve será possível utilizar em outros países, é um serviço de pagamento unificado por meio do qual os utilizadores das suas plataformas, incluindo WhatsApp e Instagram, poderão fazer transações financeiras sem sair da aplicação. Tal como destacou a Reuters, a rede social declarou que o serviço permite aos utilizadores enviar dinheiro ou efetuar pagamentos com opções de segurança, como PIN ou biometria, através dos seus smartphones.
Este meio de pagamento funcionará também através do Messenger e a intenção de Mark Zuckerberg é a de unificar a infraestrutura de mensagens nas suas plataformas. Segundo o Facebook, o novo serviço reunirá informações dos utilizadores, como método de pagamento, data, cobrança e detalhes de contacto quando uma transação for feita, utilizando os dados recolhidos para mostrar anúncios direcionados aos utilizadores.
Mas o Facebook Pay é apenas uma das novidades que impactarão a nossa vida através do digital. Até 2020, de acordo com a Internacional Data Corporation (IDC), 60% dos investimentos empresariais serão direcionados para a transformação digital, incentivando a inovação através da tecnologia. E dentro desses 60% estão os novos meios de pagamento, a juntarem-se às carteiras digitais (e-wallets), à tecnologia contactless (Near Field Communication) ou às criptomoedas, entre muitas outras inovações.
Por tudo isto, é fundamental às instituições financeiras e aos agentes de mercado o cumprimento da diretiva de pagamentos conhecida como PSD2. Após uma extensão do prazo garantida pela Autoridade Bancária Europeia, a data para terem que ser dados todos os passos necessários é 31 de dezembro de 2020, após a qual novos operadores funcionarão livremente no mercado para além dos bancos ditos tradicionais. É todo um mundo novo que se abre em termos comportamentais para todos nós e que antes nem sonhávamos ser possível. Como escreveu o dramaturgo grego Ésquilo: “Conhecerás o futuro quando ele chegar; antes disso, esquece-o”.
Na altura em que escrevo esta crónica ainda não são conhecidos os pormenores do acordo celebrado entre Pedro Sánchez e Pablo Iglesias. Mas vejo com ceticismo esta aliança entre PSOE e Podemos. Não se trata de uma “geringonça” à espanhola, mas sim de um governo bicéfalo. Em breve veremos se pesará mais aquilo que os une ou o que os separa.