A crescente procura pela pele de burro para uso na medicina chinesa começa a preocupar organizações dos direitos dos animais um pouco por todo o mundo. Estima-se que nos próximos cinco anos a população global de burros diminua para metade. O ‘ejiao’ é um ingrediente muito procurado pela medicina tradicional chinesa, e a maneira mais eficaz de o obter é através da pele de burro, segundo um estudo ao qual o The Guardian teve acesso.
Depois da população de burros ter diminuído 76% desde 1992 na China, a maior potência asiática virou-se para outros países para satisfazer a procura. O Brasil já perdeu 28% dos seus asnos, -37% no Botswana e -53% no Quirguistão.
O estudo revela também que a maneira como os animais são importados não respeita as regras de segurança animal, e que várias comunidades dependentes diretamente destes animais para a agricultura estão a ser afetadas sem que haja tempo para fazer uma nova criação.
O ‘ejiao’, substância utilizada há milhares de anos na medicina tradicional chinesa, tem propriedades que ajudam à circulação sanguínea e à anemia. A maneira como é obtida não requer que os animais se encontrem num estado saudável, o que faz com que a maneira como são transportados aconteça de maneira negligente e que não respeite os direitos de segurança animal.
Segundo dados da associação ‘Donkey Sanctuary’ para poder estabelecer uma população capaz de satisfazer a procura por ‘ejiao’ serão precisos mais de 20 anos, sendo que há a probabilidade de nunca conseguir atingir esses números, visto que o ritmo atual não mostra sinais de abrandamento.
Os burros ajudam mais de 500 milhões de pessoas pelo mundo todo, havendo mesmo várias comunidades inteiramente dependentes destes animais para a sua própria subsistência. Desde o “boom” do comércio de pele de burro, os números para adquirir estes animais têm disparado, fazendo com que as franjas mais pobres da população sejam incapazes de substituir os animais que têm, deixando-os sem alternativa, segundo o The Guardian.
A associação ‘Donkey Sanctuary’ emitiu um comunicado onde admite compreender a importância destes animais para a medicina tradicional chinesa, mas explica que existem alternativas como a produção artificial de ‘ejiao’, e exige ao governo chinês que “acelere esforços” para evitar que esta espécie animal continue a ser dizimada até à extinção.
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