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Portugal já adiou reembolso de quase três mil milhões de euros em dívida que vencia em 2021

Com seis operações de troca de dívida este ano, cinco tiveram como objetivo alongar prazo que vencia em 2021. Custo médio das operações ficam abaixo da média que Portugal sempre pagou, beneficiando também dos juros baixos.
28 Novembro 2019, 08h00

Com seis operações de troca de dívida realizadas este ano, o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública já adiou o reembolso de 4.374 milhões de euros, sendo que 2.994 milhões de euros são relativos a dívida que vencia em 2021. A beneficiar da melhoria da estrutura da dívida, o Tesouro tem procurado suavizar a curva de amortizações.

“A estratégia do IGCP tem sido o de trocar dívida de curto prazo por dívida com maturidades mais longas”, refere Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, ao Jornal Económico. O responsável sustenta que “o custo a que estas operações têm sido realizadas são abaixo da média histórica que Portugal sempre pagou e as condições atuais de taxas de juro negativas têm sido extremamente favoráveis para o sucesso destas emissões”.

Em novembro do ano passado, a presidente do IGCP, Cristina Casalinho explicou que “2021 é ainda uma grande preocupação [em termos de amortizações]”, sustentando ser “por isso que temos sido tão vocais sobre o interesse em pagar antecipadamente os empréstimos do Fundo Monetário Internacional”.

Esta quarta-feira, Portugal regressou ao mercado para uma operação de troca de dívida para alongar os prazos. A instituição liderada por Cristina Casalinho comprou 532 milhões de euros que venciam a 2021 e, em troca, vendeu 360 milhões de euros em OT com maturidade a 17 outubro 2028 e 172 milhões de euros com maturidade a 18 abril 2034.

“A vantagem desta operação para o investidor é a de poder trocar um investimento em dívida soberana portuguesa com uma yield negativa de -0,521 por yields positivas de 0,33 para a maturidade 2028 e 0,76 para a maturidade 2034”, explica Filipe Silva.

“Também demonstra que os investidores continuam a acreditar na recuperação económica de Portugal pois estão a estender a maturidade dos seus investimentos”, acrescenta.

As operações de trocas do IGCP este ano:

  • Janeiro:  O Tesouro emitiu 702 milhões de euros em OT a 10 anos, numa operação de troca de dívida para alongar os prazos e que envolveu também a recompra de dívida que chegava à maturidade de junho de 2020. Em termos de juros, a operação ofereceu vantagens ao IGCP, já que as OT com maturidade em 2020 têm um cupão de de 4,8%, mais do dobro da taxa de cupão de 2,25% da dívida a 10 anos.
  • Março: Portugal adiou o reembolso de 619 milhões em OT da linha com prazo em 15 de abril de 2021 e colocou o mesmo montante OT com maturidade de 15 de fevereiro de 2030.
  • Maio: A instituição liderada por Cristina Casalinho comprou 742 milhões de euros em OT que chegavam à maturidade a 15 de abril de 2021 e em troca, o Tesouro emitiu o mesmo valor em obrigações com maturidade a 21 de julho de 2026. Em termos de juro, a operação ofereceu vantagens ao IGCP já que as OT com maturidade em 2021 tinham uma taxa de cupão de 3,85%, enquanto os títulos com maturidade em 2026 uma taxa de cupão de 2,875%.
  • Julho: O IGCP adiou o reembolso de 797 milhões de euros, numa operação de troca de dívida para alongar OT que venciam em 2020 e 2021. O Tesouro comprou 256 milhões de euros de OT com maturidade em 15 de junho de 2020 e 541 milhões de euros de OT com maturidade em 15 de abril de 2021. Em troca, vendeu obrigações com maturidade em 21 de julho de 2026 e 17 de outubro de 2028.
  • Outubro: O Tesouro comprou 560 milhões de euros de OT com maturidade em 15 de abril de 2021 e 350 milhões de euros de OT com maturidade em 17 de outubro de 2022. Em troca, vendeu obrigações com maturidade em 25 de outubro de 2023 e 14 de abril de 2027.
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