Vladimir Putin está à frente dos destinos da Rússia desde 1999 e é, no país, o segundo líder com mais tempo no poder, apenas atrás de Estaline.

Alexei Navalny é o seu crítico mais feroz e foi envenenado, à boa maneira russa, por uma sofisticada substância conhecida como Novichok, desenvolvida nos anos 70 pela União Soviética, e tão perigosa que só pode ser fabricada em laboratórios avançados, que são na sua grande maioria propriedade do governo ou controlados por ele.

Tem milhões de seguidores nas redes sociais e publica informações que revelam a profundidade da corrupção na Rússia de Putin, o que lhe valeu uma pena de prisão de dois anos e oito meses.

Ora Josep Borrell, que é só o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, foi de forma ingénua e profundamente inábil, tentar um diálogo franco com a Rússia e pedir a libertação de Navalny.

Foi humilhado em toda a linha, porque é consabido que para exigências diplomáticas como esta, é preciso ter sempre no bolso uma moeda de troca ou um forte argumento de dissuasão. Borrell não tinha nem um nem outro!

Pior. Apesar das tentativas, não conseguiu ver Navalny, chegou no dia do seu julgamento e da expulsão pela Rússia de três diplomatas europeus, no caso da Suécia, Alemanha e Polónia, sob a acusação de apoio ao ativista anticorrupção.

Em vez de regressar a Bruxelas em sinal de protesto, ainda congratulou a Rússia pela descoberta da vacina contra a Covid-19, a Sputnik V, instando a Agência Europeia do Medicamento a aprová-la para que possa ser administrada a cidadãos da União Europeia.

Numa atitude lamentável de principiante da diplomacia, exigiu a libertação do ativista e pediu, simultaneamente, a vacina.

O seu homólogo russo Sergei Lavrov, raposa velha da política russa, vendo a fragilidade e inaptidão de Borrell, aproveitou e criticou ferozmente, na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro, a União Europeia e os Estados Unidos de culturalmente arrogantes, sem que este tenha tido uma atitude musculada de resposta ou de atitude, nem que fosse o protesto de abandonar a sala quando Lavrov referiu que a Europa não é um parceiro fiável.

Borrell, na resposta aos jornalistas, conseguiu mesmo atacar um dos principais aliados da União, no caso os Estados Unidos da administração Biden, ao condenar o embargo a Cuba.

Os danos reputacionais causados tiveram como consequência o pedido da sua demissão por parte de vários quadrantes e, mais vigorosamente, pelos deputados europeus.

Quando o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança não percebe que o objetivo da Rússia é atacar o Ocidente e dividir os seus Estados-membros, está a protagonizar aquilo que nesta situação menos precisamos, ou seja, a metáfora de uma União Europeia, vergonhosamente, de cócoras perante a Rússia de Putin.