A apresentação para discussão pública do Plano de Recuperação e Resiliência constitui uma notícia positiva para uma nova dinâmica e esperança para todos os investidores que buscam soluções e caminhos para o pós-Covid, bem como todos os demais que precisam de conhecer o percurso que se desenha após quase dois anos económicos perdidos e a necessidade de regressar a um tempo, embora diferente, sem restrições e com liberdade para cada um reconstruir o seu espaço e as suas soluções de futuro.
No entanto, não será apenas pela apresentação e conhecimento deste plano que tal objetivo será, automaticamente, alcançado. Quer os instrumentos programáticos nacionais, e principalmente a disponibilização dos tão propalados fundos europeus, servirão o seu propósito se não houver integração de projetos e tomadas de decisão emergentes nas áreas a desenvolver.
Identificar áreas não é difícil e são de fácil consenso, como a transição climática e digital, para nos colocar ao nível do melhor que se faz no mundo, alinhando com o desenvolvimento europeu, onde cada Estado-membro ensaiará fazer exatamente o mesmo, alocando as verbas para um forte avanço depois de meses de contração, instabilidade e incerteza.
Conhecer e agir, adaptando as boas experiências de outros países não constitui demérito, antes demonstra sagacidade e inteligência. Significa isto que as ações integradas ou abrangidas pelos vários planos dado que além deste Plano de Recuperação e Resiliência, haverá que juntar instrumentos já em marcha como a Estratégia 2030 ou o Quadro Financeiro Plurianual (Portugal 2030) – e outros que vão surgir – que condicionarão e formatarão as opões públicas e as ações de entidades privadas na sua aplicação no terreno.
Importa ter presente que o país tem de preparar respostas imediatas ainda no próximo semestre. Respostas essas que devem enquadrar a vontade e estar ao serviço da iniciativa de muitos em contribuir para o alívio dos dramas individuais. A pandemia, ao condicionar projetos, investimentos e ações, pode desencadear uma intervenção de quem que não quer ficar à espera dos resultados de intervenções públicas, burocráticas e demoradas.
Um desafio sério espera o ministro da Economia Pedro Siza Vieira e a secretária de Estado do Turismo Rita Marques. Convicto de que o país reagirá com determinação à pandemia com o desconfinamento, o Governo deve prever e acompanhar com medidas facilitadoras esse potencial caminho. Os exemplos da Grécia e de Israel de criarem corredores para vacinados representam um meio de desenvolvimento do turismo com todas as implicações que tal pode significar ao nível do alojamento, restauração e eventos adjacentes. Criar mecanismos que demonstrem cautela, mas que criam oportunidade de retoma.
Sedentos de ação, em busca de novas soluções e sem adormecer à espera dos apoios públicos, os portugueses já demonstraram a sua capacidade de iniciativa e a vontade em arrancar para projetos com condições de corresponder à procura. Apenas têm de ser acompanhados pela remoção de obstáculos que as entidades públicas tantas vezes teimam em erguer.