Esta semana houve um leilão muito especial: a memorabilia presidencial americana, incluindo mechas de cabelos de George Washington e sua mulher, Martha, com valor estimado de 75 mil dólares. Não podiam ser leiloados os dentes (plural) de Washington porque quando foi presidente já só tinha um.
De cem a cem mil euros, 300 peças passaram pelo martelo, incluindo uma fotografia de Lincoln com o filho, tirada por Mathew Brady em fevereiro de 1864, estimada a 75 mil dólares; o cardigan de Harvard de JFK, oferecido por Jacqueline ao operador de câmara da CBS Herman Lang em 1964, 35 mil dólares; uma carta assinada por Reagan, 20 mil dólares; e coisas mais modestas, como um livro de Ford estimado a 200 dólares. Eu licitaria o saxofone de Bill Clinton, mas esse não fazia parte dos lotes.
Há muito que há leilões destes. Em 193 d.C., o Império Romano foi vendido em leilão por 25 mil sestércios para cada pretoriano a Didius Julianus, que perdeu a cabeça na guerra civil que se seguiu. O Salvador Mundi, comprado por 50 dólares há 70 anos, foi vendido por 382 milhões em 2017 depois de atribuído, com dúvida, a Leonardo da Vinci; bateu as Mulheres de Argel, de Picasso, uns meros 179 milhões. Já o Codex Leicester do Mestre se ficou por 31 milhões, o que põe a Arte acima da Ciência.
A Bíblia de Elvis Presley atingiu 66 mil euros em 2012 e uma mecha de cabelos 1.300 em 2017, o que deixa o Rei uns furos abaixo do Presidente. A Bíblia mais pequena do mundo foi vendida em 2017 por 2.400 dólares. Entre os utilitários, Kiyoshi Kimura, presidente da cadeia de sushi Zamai, ficou o “rei do atum” ao pagar 580 mil euros por um atum de 212 quilos para que “toda a gente o possa provar”. E há peças trágicas, como a carta de Holverson, escrita no Titanic e vendida por 141 mil dólares, que termina com as famosas últimas palavras “se tudo correr bem, chegarei a Nova Iorque quarta-feira”. Se…
Depois há os fracassos: a retrete de Salinger, posta no eBay por um milhão, não teve comprador, e o leilão da Bélgica (País) também no eBay foi cancelado aos 11 milhões. Há ainda os lotes “diferentes”: a cadeira de rodas de Stephen Hawking foi por 393 mil dólares; um whisky Macallan de 1926 por 1,1 milhões; 27 degraus de uma escada da Torre Eiffel por 169 mil euros; o Rolls da Rainha (um Phantom IV de 1953) por 800 mil libras; o vestido da Marilyn do “Seven-Year Itch” (entre nós “O Pecado Mora ao Lado”) foi vendido em 2011 por Debbie Reynolds por 4,6 milhões de dólares.
Melhor ainda, a dentadura de Churchill (que não era proletário) ficou pelas 15,2 mil libras em 2010; e umas cuecas da Rainha Victoria por 12 mil libras em 2015, depois de umas ceroulas terem ido por 6,2 mil em 2014. Mas confesso não estar otimista quanto ao que poderiam render os calções de banho com que o Professor Marcelo é visto na praia em Cascais.