A agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) emitiu esta manhã Obrigações do Tesouro (OT) de médio (5 anos) e longo prazo (14 anos) e conseguiu superar as previsões, angariando no total 1007 milhões de euros, ligeiramente acima do topo do intervalo indicativo entre os 750 milhões e os 1000 milhões de euros, “o que é resultado notável, se considerarmos que os juros exigidos baixaram na linha a cinco anos”, explica Steven Santos, gestor do BIG.
O IGCP antecipava conseguir um montante global de entre 750 e mil milhões de euros.
O retorno de Portugal ao mercado obrigacionista de médio e longo prazo para se financiar, aproveita “o estreitamento dos juros sentido no mercado secundário desde meados de fevereiro”, assinala o gestor do BIG.
As OT com maturidade em abril de 2021 arrecadaram 504 milhões de euros (fase competitiva) e na maturidade de fevereiro de 2030 foram colocados 503 milhões de euros, anunciou a agência liderada por Cristina Casalinho (na foto).
A yield da maturidade mais curta desceu face à colocação de há duas semanas. A taxa a cinco anos fixou-se em 1,84%, face aos 2,0326% pagos a 9 de março, refere o Banco Carregosa em comentário. A OT a cinco anos com maturidade a 15 de abril de 2021, apresentou uma procura 1,76 sobre a oferta.
Na maturidade a 14 anos (15 de fevereiro de 2030), a taxa foi 3,362%, que compara com os 3,4% em que as obrigações do tesouro a 15 anos negoceiam em mercado secundário. A procura foi 1,61 vezes a oferta.
“As taxas saíram em linha com o que está a ser feito no mercado secundário, portanto não houve surpresas. No leilão de dívida a 5 anos, a taxa desceu face à emissão anterior, em que a taxa tinha sido de 2,03%. No leilão de 14 anos não temos uma referência comparável, mas não anda muito distante da taxa a 10 anos que está nos 2,82%. Toda a curva da dívida portuguesa tem vindo a descer nas últimas semanas, graças à rede de suporte que o Banco Central Europeu tem sido”, assinala Filipe Silva, diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa.
“O mais importante a salientar nesta emissão é que é com dívida de longo prazo que Portugal baixa o custo médio do seu financiamento. Considero estas taxas muito favoráveis para o país que vão baixar esse custo”, acrescenta o diretor do Banco Carregosa. Conclui o seu comentário referindo que “a procura rondou os níveis médios e a propósito disso há outra conclusão a retirar: os investidores continuam, interessados em comprar dívida pública, mesmo nas maturidades mais longas que vão para lá do prazo do plano de estímulos do BCE (Quantitative Easing). Ou seja, acreditam que mesmo quando esse plano acabar, o BCE não deixará cair a dívida soberana europeia”.
“O montante investido na recompra de OT com juros altos e o alargamento dos custos de financiamento no início do ano poderão forçar uma maior regularidade das emissões de dívida em 2016, o que aumenta a necessidade de existir uma envolvente política estável e de melhorar os indicadores económicos. Com a menor incerteza política sobre o Orçamento de Estado para 2016 e depois de o BCE ter anunciado que irá aumentar a compra mensal de dívida pública em 20 mil milhões de euros, Portugal tem beneficiado de uma queda expressiva dos juros no mercado secundário”, explica Steven Santos.
“Este processo de front loading por parte do Banco Central Europeu contribuiu directamente para o êxito do leilão do IGCP, na medida em que os investidores estão a descontar compras aceleradas do BCE a partir de Abril e a tentar comprar já títulos com maior rendimento. Mais uma vez, o timing desta operação foi oportuno, por ter ocorrido antes das férias da Páscoa, período em que a liquidez tende a ser menor, e por não ter havido concorrência da periferia no mercado primário de dívida. No centro da Europa, a Alemanha vendeu Bunds com uma procura inferior às expectativas iniciais (810 milhões vs. Exp. 1000 milhões)”, conclui Steven Santos.
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