Por isso, em tempo de crise, o novo espaço público terá que ser capaz de responder de forma positiva aos desafios de uma sociedade civil ansiosa por respostas concretas aos desafios do futuro. Trata-se de uma nova ambição, em que a aposta na participação e a valorização das competências, numa lógica colaborativa, têm que ser as chaves da diferença.

As “Redes de Confiança” deverão ser capazes de apresentar novas soluções de inclusão social. Um país moderno tem que saber integrar de forma positiva os seus cidadãos. A coesão social faz-se pela participação construtiva e tem que haver uma atitude clara de mobilização para esse esforço nacional de convergência de actuação. A educação na escola tem que forçar a pedagogia e a prática da integração dos desfavorecidos, imigrantes, todos aqueles com défices operativos de participação; têm que ser dinamizadas “ações de demonstração” do apoio à vontade do contributo de todos. Um programa para a inclusão social tem que saber “integrar de facto”.

As “Redes de Confiança” deverão ser capazes de projetar novas ideias de competitividade. Está mais do que consolidada a mensagem da urgência da dimensão tecnológica na matriz de desenvolvimento nacional. Um programa para a competitividade tem que forçar dinâmicas efetivas de aposta na tecnologia, seja ao nível a concepção de ideias novas de serviços e produtos, seja ao nível da operacionalização de centros modernos rentáveis de produção, seja sobretudo ao nível da construção e participação ativa em redes internacionais de comercialização e transacção de produtos e serviços.

As “Redes de Confiança” deverão consolidar novas perspetivas para o território. Portugal tem uma oportunidade única de potenciar um novo paradigma de cidades médias, voltadas para a qualidade, a criatividade, a sustentabilidade ecológica. Verdadeiros centros de modernidade participativa, que façam esquecer a dinâmica asfixiante das “âncoras comerciais” que são os modernos shoppings que dominam o país. Um programa territorial para a modernidade é vital para dar conteúdo estratégico à ocupação das cidades médias e à nova vontade de também saber apostar no interior.

As “Redes de Confiança” deverão desenvolver novas apostas para a cultura. Portugal tem uma forte cultura alicerçada no potencial histórico da língua. É um ativo único. Um programa intelectual da cultura portuguesa tem que saber dinamizar de facto nos grandes circuitos internacionais a apetência pela prática e consumo dos muitos “produtos culturais” nacionais disponíveis. A “cultura da língua portuguesa” tem que ajudar na criação de valor para o nosso país.

As “Redes de Confiança” deverão ser um espaço aberto a novas ideias. Tudo passa por no princípio e no fim saber estar e participar. Uma plataforma colaborativa, onde todos os que acreditam no futuro do país sejam capazes de encontrar novos contextos de participação, novas soluções para os problemas que todos os dias se acumulam. Portugal ganha com um novo espaço público e o novo espaço público ganha em saber dar o seu contributo para um Portugal mais forte no espaço global, este complexo tempo de incerteza e crise.

Por Francisco Jaime Quesado

Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública