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Pesos pesados condicionam Wall Street

As matérias-primas, que estão em grande devido à perspectiva de um regresso em força da procura.
23 Fevereiro 2021, 10h29

É uma música que já toca desde o início do ano, não obstante o cenário que piorava à data na pandemia, com um aumento preocupante de casos a nível global, mas o certo é que desde que ficou claro que os Democratas iriam conseguir ficar com a maioria dos centros de decisão, ao ganharem dois lugares no Senado do Congresso norte-americano, o sentimento dominante em Wall Street mudou claramente.

O primeiro sinal chegou da subida acentuada dos juros nas maturidades mais longas das obrigações soberanas dos EUA, que levou a um aumento substancial da volatilidade no mercado, que já perto do final de Janeiro, causou a maior correcção desde Outubro, se bem que é um exagero falar em correção, foi mais uma consolidação, mas isto para demonstrar que a resiliência dos touros não ficou afectada, muito porque a rotação de capital que ocorreu não sacrificou significativamente as grandes tecnológicas, ao mesmo tempo que beneficiou o sector dos semicondutores e as small caps em geral.

Movimentos que foram gerados não pelas perspectivas de um crescimento económico acentuado para 2021, com as variáveis que existiam, mas porque a mudança no paradigma político nos EUA indicou que os Democratas poderão impor o seu objectivo, de um pacote de estímulos substancialmente superior aos $900 biliões que tinham sido aprovados por ambos os partidos no final de 2020.

Foi esse impulso que fez pender a balança da confiança claramente para o optimismo, de tal forma que rapidamente os investidores viraram as suas preocupações para o mais que provável sobreaquecimento da procura, que leva ao aumento da inflação, daí a subida das taxas de juros das obrigações, uma vez que se pressupõe a necessidade do banco central em aumentar o custo do dinheiro para conter a escalada da inflação acima dos 2%, um dos seus desígnios existenciais.

E se durante o mês de Fevereiro o ruído sobre o receio da subida dos juros foi contido, após diversas referências por parte dos membros da Fed, de que o banco central iria ser paciente e não ser proactivo, ao contrário do habitual, no sentido de impedir o ultrapassar do nível ideal, indicando mesmo que estão confortáveis com um excesso moderado durante algum tempo, a questão é que com o passar do tempo e na ausência de motivos para puxar pelos índices rumo a nova perna significativa do bull market, os investidores começaram esta semana bastante mais cautelosos, castigando as grandes tecnológicas, que foram as mais beneficiadas com a “era da pandemia”, o que sem grande surpresa condicionou segunda-feira o mercado para um dia de vermelho, dado que os pesos pesados do sector são os que mais contribuem para o andamento dos índices.

A excepção foi o Dow Jones, que conseguiu fugir à queda, visto que o índice industrial tem uma ponderação diferente, o que permite uma sessão de ganhos contra a corrente do mercado, pois os ganhos na Disney, Caterpillar, Chevron e Dow, foram mais que suficiente para compensar as quedas da Intel, Apple e Microsoft.

Mas a grande história de segunda-feira são as matérias-primas, que estão em grande devido à perspectiva de um regresso em força da procura, assim como da subida do preço alvo para o Brent indicado pela Goldman Sachs, que colocou a fasquia nos $70 por barril, dando uma ajuda para o “ouro negro” subir até aos $64,4. Para terça-feira os radares dos investidores vão estar focados nas declarações de Jerome Powell no seu testemunho bi-anual ao Comité Bancário do Senado.

O gráfico de hoje é do S&P500, o time-frame é de 4 horas.

 

 

O principal índice accionista efectuou um padrão de duplo fundo com a divergência positiva no stochastic (linhas azuis), que originou a onda ascendente recente.

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