A história é anterior à criação da ACE Academy. No final de uma sessão de apenas três dias, o engenheiro Jorge Castro, de 62 anos, virou-se para Sara Batalha, que trouxe a MTW – Media Training Worldwide para Portugal, e confessou: “Se eu soubesse o que sei hoje, a minha carreira tinha sido diferente. Sei agora porque não fui ouvido”.
Este engenheiro é ho je um quase ‘case study’ da ACE, sigla da expressão inglesa Advanced Career Empowerment. A academia treina gestores, executivos e outros profissionais de topo para que potenciem a sua comunicação a 360 graus. Cerca de 70% dos clientes vêm das engenharias.
Há um problema de comunicação em Portugal? Os que mandam sabem comunicar? Sara Batalha explica ao Jornal Económico que o gestor português, o executivo português, o português em geral, sofre do chamado síndrome do ‘low profile’. “Somos dis cretos com a esperança de que alguém reconheça o nosso va lor. Vamos trabalhando, vamos dando o nosso melhor e po de ser que, um dia, alguém repare em nós”, explica Sara. Nesta es perança, o típico engenheiro acaba por passar duas décadas a dar o melhor na empresa onde trabalha sem saber realmente comunicar com eficácia o seu valor.
Porquê? Porque acha que is so é coisa ‘do social’, coisa da pes soa que fala mais do que faz”. E se tiver um negócio para lançar ou um negócio para expandir, pode esperar vinte anos para que o mercado repare nele? “Não”. Sara Batalha diz que muitas pessoas não conseguem trabalho porque não sabem comunicar o seu valor. E o mesmo se passa numa situação de ‘stress’, em que é necessário fazer uma apresentação, ou pedir um aumento salarial, ou falar com a equipa. Se a pessoa não está preparada ou não se sente preparada, os seus comportamentos alteram-se. “Todos os contextos vão dar à mesma questão: Como é que eu comunico o meu valor?” A Media Training e Public Speaking Training para executivos de topo diz que cada setor de atividade tem as suas necessidades de ‘soft skills’, mas, no geral, em Portugal, não há qualquer treino ao longo do percurso académico para aprender a comunicar o seu valor.
A MTW, empresa fundada por T J Walker, que Sara Batalha “trouxe” dos Estados Unidos e, em particular, a ACE Academy (que criou depois com Nuno Veiga), oferece uma formação avançada, um ‘master’ em Comunicação, que “ajuda o cliente a deixar uma marca, permitindo-lhe levar um bocadinho do outro com ele.” Basicamente, na ACE aprende-se a comunicar. “A comunicação é uma competência e como tal treina-se”, diz. Há comunicadores inatos? Desmentindo um dos mitos da urbanos da comunicação, frisa: “há pessoas que po dem ter mais facilidade em co municar, mas não quer dizer que a sua mensagem fique na me mória do outro e que leve à ação”.
O programa mais curto da ACE Academy tem a duração de 60 horas e começa com a pergunta: “Quem sou eu?”. Diferencia-se, no mercado, pela visão integrada que faz do problema da comunicação. Os sete módulos são conduzidos por sete especialistas, um por área de especialização. Sara Batalha faz o arranque. Durante esse módulo, o interlocutor toma contacto com a importância de mudar a forma de comunicar do eu para o outro.
Segue-se o corpo e a voz. O que faço às mãos? Inês Moura, especialista em ‘coach’ vocal, ajuda a mudar de uma emoção, a raiva, por exemplo, para a serenidade.
A linguista Sandra Tavares apresenta o módulo seguinte. Compete-lhe trabalhar problemas de dicção e ajudar a evitar disparates a nível da língua portuguesa que podem acabar com a credibilidade profissional, co mo o daquele gestor que falava dos ‘amaricanos’”.
No módulo seguinte, a ‘business coach’ Alexandra Lemos trabalha a auto-consciência do indivíduo. O objetivo é que o cli en te saia do “eu sou especialista, eu é que sei” para um “eu só sei que nada sei”, que faça perguntas que lhe permitam “construir com o outro em vez de construir ao lado”.
Nuno Veiga, especialista em marketing pessoal, conduz a fase seguinte, que serve para perceber como os novos media podem potenciar o posicionamento e a marca que querem deixar.
Pedro Monteiro explora a importância dos valores: “de que forma podem os meus valores acrescentar valor aos valores da empresa? De que forma posso comunicar o que valorizo?”.
O programa encerra com Paula Rua, que aborda o tema da imagem e da credibilidade. Co mo é que eu posso ser congruente? Tudo somado, eis uma volta completa ao mundo da comunicação.
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