As alterações climáticas estão na linha da frente das preocupações de todos os oradores do Observatório ‘A Recuperação Económica depois da Covid-19’, organizado pelo Crédito Agrícola em parceria com o Jornal Económico e realizado nesta quinta-feira, 25 de fevereiro. No painel dedicado precisamente ao tema ‘Futuras pandemias – como preparar a economia’, os quatro participantes convergiram na evidência de que são as alterações climáticas que vão induzir novas catástrofes globais.
Para Francisca Guedes de Oliveira, professora da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa, a chave da resposta – que desta vez pretende adequada – residirá na capacidade de antecipação. Para isso, considere necessária a criação de uma “estrutura de reação” que permita, seja num quadro “de nova pandemia ou outro acidente natural, seja outra vez o sistema financeiro”, “termos uma estrutura de reação para a próxima crise”.
Para a docente universitária e investigadora, a pandemia em curso expôs a evidência que “a colaboração internacional, a colaboração público-privada são fundamentais – as vacinas provam isso ao serem conseguidas num prazo inacreditável”. E é, no seu entender, a repetição dessa dupla colaboração virtuosa que está o segredo dessa espécie de ‘task force’ global. Desde que, salientou, tenha poder de antecipação.
António Saraiva, presidente da CIP, alertou para que “a esta, outras pandemias se seguirão, as próximas serão mais curtas na sua periodicidade” e, de igual modo, referiu que “o desafio climático” é o que está em cima da mesa: “Temos de ter um despertar mundial para o problema do clima e da poluição”, referiu.
Nesse quadro, a “preparação de planos de crise tem de ser incorporada nas nossas organizações”, sejam elas públicas ou privadas, associativas ou empresas. “Sendo certo que seremos sempre surpreendidos, temos de estar preparados” para as próximas crises. E se não é a bem, será a mal: “O homem, quando não muda por inteligência, muda por necessidade”.
Licínio Pina, Presidente do Conselho de Administração Executivo do Crédito Agrícola, recordou que “a pandemia obriga, no caso da Europa, a terem agilidade e rapidez que não tem tido nesta pandemia”.
O líder do banco salientou que sendo “provável que venham novas pandemias, é muito provável que o risco cibernético seja um problema” que vai ser acrescentado ao dos “riscos climáticos – que podem ser bem piores que a covid-19”. E recordou que “No contexto do clima tem que haver um olhar global: temos que olhar muito para a China e para a Índia, mas a Europa tem de se unir mais, tem de agilizar os seus processos”.
E deixou um aviso: no edifício da União Europeia, “é preciso correr muitas escadas e muitos corredores” para conseguir-se encontrar uma porta para lá da qual estejam as soluções – e essa é certamente a pior forma de absorver o embate da próxima crise.
José Crespo de Carvalho, presidente da comissão executiva do ISCTE, frisou que o segredo do combate à próxima crise, seja ela qual for, será a rapidez da resposta: “A capacidade de decisão rápida é a diferença que vai tornar a Europa viável ou não viável em termos futuros, seja uma pandemia ou outra crise”.
Mas a falta de agilidade que se tem revelado na crise pandémica “deixa marcas”. “Temos de conseguir sair deste colete de forças, que nos tem inibido em muito as decisões de posicionamento geoestratégico”, afirmou.
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