A Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (SPE), maioritariamente detida pelo Estado português e administrada por Hélder de Oliveira, e a angolana Endiama, de Carlos Sumbula, assinaram esta quinta-feira um contrato que promete pôr fim ao conflito judicial que se arrastava desde 2011, em torno de uma concessão para exploração de diamantes em Angola.
O acordo foi assinado entre as duas partes em Luanda e prevê a cessão de quotas da SPE à exploradora estatual de diamantes Endiama, embora não tenham sido avançados os valores envolvidos. Desta forma, cessa a presença do Estado português no setor dos diamantes em Angola, ao fim de mais de um século.
Em novembro do ano passado, a Endiama e a SPE já se haviam comprometido com a suspensão dos processos arbitrais e judiciais iniciados pelas duas empresas, em torno da exclusão da empresa portuguesa da mina de Lucapa, em Angola. A Endiama seria ainda obrigada a pagar 130 milhões de dólares (117 milhões de euros) à SPE.
Agora a SPE vai entregar à Endiama o acervo geológico com mais de cem anos sobre a prospeção de diamantes em Angola. A empresa portuguesa deverá ainda ceder a sua participação em áreas de exploração mineira no interior norte do país: 49% na Sociedade Mineira do Lucapa – que esteve na base do conflito –, 24% na mina de Calonga e 4,9% no Camutué.
Recorde-se que em 2011 o Governo angolano revogou a licença de exploração da Sociedade Portuguesa de Empreendimentos na mina de Lucapa, alegando um incumprimento contratual da empresa portuguesa que teria conduzido à falência técnica e financeira da exploração diamantífera a norte de Luanda. A partir daí a situação da empresa portuguesa deteriorou-se e os prejuízos aumentaram, tendo esta sobrevivido graças aos apoios financeiros da Parpública, a holding que concentra as participações do Estado português em vários setores de atividade.
O processo arrastou-se nos tribunais e, em 2014, o Estado angolano chegou mesmo a abandonar o processo de arbitragem, o que levou a um extremar das relações entre Portugal e Angola em torno deste caso.
Em 2015, a concessionária da atividade diamantífera em Angola exigia ao Estado português e a duas empresas públicas nacionais o pagamento de uma indemnização de seis mil milhões de dólares (5,4 mil milhões de euros).
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