O presidente da ACL, Artur Anselmo, em declarações à Lusa, sublinhou que a instituição não tem qualquer tendência política e que o Acordo Ortográfico de 1990 é “um problema científico”, que deve ser resolvido definitivamente.
Ana Salgado, coordenadora do novo dicionário da Academia, que preveem estar pronto dentro de dois anos, acrescentou que o acordo não estabelece uma ortografia única e inequívoca, permitindo diversas interpretações, causando instabilidade. O foco da Academia é por um fim a essa instabilidade.
A coordenadora frisou que a ACL não defende a revogação do AO90, mas o seu aperfeiçoamento. O que se quer propor são ajustes.
De acordo com Ana Salgado, a Academia vai recomendar o uso do hífen em algumas palavras, mas o não emprego do hífen “não quer dizer que seja um erro”.
Já em relação às consoantes que não se pronunciam, a Academia irá defender que não sejam usadas em casos de grafia única em Portugal e no Brasil (como, por exemplo, a palavra ‘ação’). Mas em casos como a palavra ‘recepção’ a leitura da ACL é que a escrita com o ‘p’ é “legítima no espaço lusófono”. Assim como na palavra ‘óptica’,
A responsável relembrou que o AO90 entrou em vigor no ensino desde 2011 e que muitas crianças poderiam não entender a reposição de consoantes, pelo que o trabalho da Academia é abrir essa possibilidade, e deixar que depois a língua evolua.A ACL adianta, ainda à Lusa, que não quer impor nada, mas defende a reposição do acento na forma verbal “para” (“pára”) e em todas as propostas vai justificar cientificamente as opções.
Artur Anselmo diz que não faz sentido “abrasileirar” a ortografia do português, assim como não faz sentido moldá-lo à ortografia de qualquer outro país lusófono.
“O Brasil tem autonomia cultural e tem todo o direito de divergir na maneira de falar. A língua é um corpo vivo, assassinar a língua é mudar a maneira tradicional como as pessoas a usam. A ortografia é uma convenção que tem de se aproximar da maneira de falar, é um não assunto e deve ser deixada em paz”, referiu o presidente da Academia.O Acordo Ortográfico 1990 sempre gerou polémica em Portugal e até o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que o Acordo podia ser repensado em Portugal, se países como Angola e Moçambique também o fizessem.
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