Falta ainda mais de um ano para as eleições internas do PSD e há, entretanto, eleições autárquicas. Mas a discussão sobre potenciais candidatos à liderança do partido já está a agitar os social-democratas. Há mais dúvidas do que certezas quanto a nomes, mas um dado é certo: a hipótese de Marques Mendes avançar não irá concretizar-se, soube o Jornal Económico.
A possível candidatura do atual comentador da SIC foi avançada por Nuno Morais Sarmento. À Renascença, o antigo ministro do PSD disse que focar atenções numa possível candidatura de Rui Rio é “olhar para o campeonato regional”. E quem joga, afinal, na “primeira liga” do ‘campeonato laranja’? Pedro Santana Lopes e Luís Marques Mendes, de acordo com Morais Sarmento. Santana Lopes já terá avaliado a possibilidade e Marques Mendes seria pressionado a fazê-lo, afirmou.
Contudo, o Jornal Económico sabe que o comentador da SIC não vai entrar na corrida e que o regresso à vida partidária não faz sequer parte dos planos de Marques Mendes. Quanto a Santana Lopes, o mandato como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa só acaba em 2019, mas há uma fação no PSD que defende a candidatura à liderança do partido. O antigo presidente da Câmara da Figueira da Foz era a escolha da direção do PSD para a Câmara de Lisboa, mas Santana Lopes já afastou essa possibilidade.
Rui Rio é, para já, o nome mais óbvio para uma eventual sucessão. Uma sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião Pública (CESOP) da Universidade Católica, divulgada na última semana, confirmou a preferência dos portugueses por Rui Rio para a liderança do PSD. Hipótese que o próprio não descarta, caso o partido não consiga, até 2018, “descolar”, como o próprio clarificou, em entrevista ao “Diário de Notícias”. Num contexto interno delicado, Rio considera “sinal de falta de vitalidade se o PSD continuar com grandes dificuldades de aceitação junto das pessoas e se, mesmo assim, não aparecer uma alternativa credível a disputar a liderança”.
De acordo com a sondagem da CESOP, 42% dos portugueses consideram que o PSD estaria numa situação melhor se fosse liderado por Rui Rio. Quando comparado com Pedro Passos Coelho, 33% consideram Rio um líder melhor. Para um terço dos inquiridos, não há diferença entre ambos.
Rio não é consensual
Mas o antigo autarca não reúne consenso dentro do PSD. Morais Sarmento, além de defender a viabilidade de duas alternativas a Rio, nega ter manifestado “apoio em privado” ao ex-presidente da Câmara Municipal do Porto: “Já vamos em momentos de delírio”, disse. Questionado sobre a possibilidade de avançar, ele próprio, na corrida à liderança do PSD, Morais Sarmento foi omisso, mas crítico. Perante um hipotético cenário de dificuldades no partido, em que se justificasse “inflectir estratégias e eventualmente mudar de liderança”, Morais Sarmento demonstrou-se disponível para trabalhar, “como sempre”. Referiu, contudo, que assumir disponibilidade para se candidatar à liderança é “até um exercício de arrogância”.
Não só afirmou desconhecer a figura do “apoio em privado” como disse não perceber exactamente o que apoiava: “Rio veio dizer que se o PSD não conseguir inverter esta situação, estará disponível. Está a dizer que espera que o PSD seja capaz de mudar e sair da situação difícil em que se encontra.”
Fora do ‘triângulo’ Rui Rio, Santana Lopes e Marques Mendes, não se afiguram alternativas de peso. Fonte ligada ao partido refere que nomes fortes como Maria Luís Albuquerque ou Luís Montenegro estão fora da corrida pela óbvia ligação ao atual secretário-geral, Passos Coelho, que não vai deixar de concorrer nas próximas eleições, mesmo que as perspetivas sejam pouco animadoras.
Estatutos dificultam eleições antecipadas
Resta agora aguardar. A aproximação às autárquicas deverá empurrar este assunto para segundo plano. O cenário de eleições internas antecipadas afigura-se pouco provável, uma vez que os estatutos do partido dificultam a sua realização, garantiu fonte próxima do partido ao Jornal Económico. Além disso, o PSD terá como prioridade evitar uma crise interna com potenciais consequências negativas nos resultados das eleições autárquicas. n
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