Assistimos nos últimos anos a uma escalada do chamado empreendedorismo – empreender significa encontrar uma oportunidade, ter uma boa ideia e assumir o risco de colocá-la em prática agregando valor – em várias escalas e dimensões. Seja porque os mercados têm mudado radicalmente e lançado muitos para situações de desemprego, seja porque têm surgido muitas e novas áreas onde faltam soluções, aguçando a coragem e o arrojo de muitos, sem dúvida que o empreendedorismo entrou na agenda. Falamos de uma disciplina recente, que não tem mais do que 15 anos a ser ensinada em múltiplos MBA pelo mundo fora. Mas será que todos temos capacidade ou precisamos de ser empreendedores?
Há uns tempos um aluno contou-me que disse ao pai que iria e queria ser empreendedor e que o pai lhe respondeu “vai mas é trabalhar”. Este momento, caricato até, revela um pouco o sentimento existente sobre o tema: uma moda ou uma forma de trabalhar menos, principalmente para as gerações mais velhas ainda muito influenciadas pela lógica da Revolução Industrial.
Acredito que é o empreendedorismo que vai resolver – já está a fazê-lo – muitos dos problemas do mundo e criar um sem número de maravilhosas novas realidades. Vivemos a maior e mais profunda mudança na história da humanidade com o crescimento do mundo conectado, sem fronteiras, onde a produção e a partilha de conhecimento se faz de forma exponencial através das redes sociais e do mundo digital. Essa mudança está a transformar empresas, mercados e profissões como nunca se viu: robôs que substituem humanos, apps que suplantam empresas estabelecidas, modelos de negócio que desafiam as regras vigentes e, no fim da linha, mas não menos importante, empresas que trazem novas soluções para velhos problemas.
Empreender é mais do que inventar, e sem duvida é bem mais do que criar uma empresa. Não confundamos empreendedor (aquele que identifica uma oportunidade e a aproveita criando algo novo) com empresário (aquele que cria uma empresa para o mercado). Todos os empreendedores terão de ser empresários, o contrário não é tão necessário assim. Perante isto, quais os passos que devemos considerar para o empreendedorismo? Normalmente, gosto de dividir o tema em dois vetores:
Precisamos também de repertório, cultura, que nos permita ligar os pontos e desenhar um novo mapa. Outro aspeto importante: não precisamos de criar empresas para sermos empreendedores. Podemos sê-lo nas empresas onde trabalhamos (intrapreendedores ou empreendedores corporativos) a partir do momento em que a empresa possua uma cultura de inovação que valorize a colaboração e a geração espontânea de ideias.
Mas a principal mensagem escondida no empreendedorismo é que ele é muito mais uma forma de vida do que uma profissão. Na vida e no trabalho as regras são as mesmas, sempre; olhar as oportunidades e não as deixar fugir para que mais tarde não nos arrependamos. Isso é o empreendedorismo. Encontra algo que gostes de fazer e não precisarás de trabalhar um único dia na tua vida (adaptado de Confúcio) – o que eu defino como o mantra dos empreendedores.
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